quinta-feira, 24 de julho de 2008

A busca do sonho italiano - parte 2

Futsal: depois da primeira seleção, que reuniu 80 garotos, na segunda-feira foi a vez de 40 atletas mostrarem talento no ginásio Teixeirinha, observados pelos europeus


O sonho de jogar na Europa ficou mais próximo para cerca de 40 meninos selecionados na peneira realizada há duas semanas no Play Center do Clube Recreativo Juvenil. Eles participaram de mais um treino de observação, desta vez no ginásio Teixeirinha, nessa segunda-feira (9). Agora, além do ex-jogador Giovani Radaelli, representante de mais de seis times na Itália, o técnico da equipe sub-21 do Putignano, do mesmo país, Massimo Monopoli, também observou de perto os atletas.

O organizador das peneiras é o técnico Javali, juntamente com os professores Anderson Silva (Adílio) e Alexandre Boeira. Segundo ele, os jogadores, que estão entre os 16 e 22 anos, serão cadastrados e aqueles que já tiverem documentação para encaminhamento de cidadania italiana, requisito obrigatório, poderão fechar com clubes italianos. "Tem muita qualidade nesses grupos. Vamos definir agora se são atletas de séries A, B ou C. Temos de todos os tipos," assegura Javali.

Segundo o técnico, além do talento para o futebol, os garotos, em sua maioria, receberam treinamento de qualidade na base, ou seja, no período de formação, nas escolinhas da Semeato, antigamente, e do Clube Juvenil, hoje. Essa qualificação encaixa-se perfeitamente com a procura italiana. Massimo Monopoli destaca que na Itália não há esse tipo de escola. "Os jogadores começam no futebol de campo e quando tem 18 anos, se não seguiram carreira no campo, vão para o salão, então técnica e taticamente eles não tem essa qualidade dos jogadores da região," afirma.

Giovani atesta a informação. "A garotada aqui é impressionante: começa aos 6 anos com tática e técnica perfeitas, muito fortes e muito boas." Outro fator é que o regulamento italiano obriga que os times levem à quadra, entre os 12, três atletas até 21 anos. "Por isso eles preferem jogadores que tenham qualidade e possam auxiliar a equipe. Essa é a importância de levar esses jovens de 16 e 17 anos", complementa o ex-jogador. Além disso é permitido apenas um estrangeiro por time, de qualquer nacionalidade, mesmo que da Comunidade Européia. "Por isso a cidadania italiana é fundamental, então é um mercado muito bom para essa garotada," finaliza o representante.

Mais do que isso, para o técnico Javali, outro aspecto relevante é que hoje são mais de 15 jogadores de Passo Fundo na Itália. "Essa também é uma diferença. E os nossos jogadores estão consolidados, são importantes para suas equipes. Temos Bruno, Chimanguinho, Tiago Bortolon, Jeferson, Fischer, Juliano Charnovski, Schleder, Zé Renato e estamos esquecendo muitos. É um cartão de visitas."

Zé Renato, que joga no Torrino, de Roma, desde 2004, com contrato renovado até 2010, participou do jogo e conversou com os garotos do lado de fora da quadra. "Ele ter vindo aqui foi muito bom, pois ele conhece os empresários e os times, então os meninos e os pais já ficam mais tranqüilos, porque também tem muita barca furada, o jogador não recebe, então é bom o Zé Renato estar aqui," ressalta Javali. Além dele, três jogadores catarinenses que estão há mais dois anos no time do Putignano, representado por Massimo Monopoli, estiveram no ginásio para falar com os atletas.

Vinícius


O volante e meia habilidoso que participou do Estadual de juvenis no ano passado e da Divisão de Acesso do Gauchão este ano pelo Passo Fundo esteve em quadra participando da peneira. Torcendo por ele, a mãe, a irmã e a namorada, além do amigo e diretor de futebol Adriano Gonçalves (o Biscoito) do Guarani da Juventude, clube amador da cidade pelo qual Vinícius foi campeão municipal na última temporada. O jogador também foi campeão da última edição da Taça RBS de futsal.

Vinícius, 18 anos, tem a documentação necessária para encaminhamento da cidadania italiana e já havia participado de outra seleção de atletas para a "terra da bota". E chamou a atenção. Outro jogador passo-fundense, Tiago Bortolon, fez o contato entre o jovem e o Real Marcianise.

No novo teste, mais uma vez, o garoto se destacou: "Vinicius!" disse Monopoli, quando perguntado sobre qual jogador mais havia lhe chamado a atenção. O italiano, pela primeira vez no Brasil, ficou impressionado com a quantidade e qualidade dos atletas. "Gostamos de cinco ou seis," disse.

Quanto a Vinicius, no final de junho, ele deve deixar a família, em busca do sonho de ser jogador no continente europeu e, quem sabe, ainda o veremos com a camisa da seleção... italiana.

(fotos: Paulo Roberto D'Agustini/ON)

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