Murilo: passo-fundense prata em Pequim fala a ON das derrotas para os EUA, da reserva, da primeira olimpíada, da vitória da noiva Jaqueline e da despedida do irmão Gustavo
O Nacional - Depois da derrota na Liga Mundial, você acha que a equipe conseguiu superar e se focar completamente nos Jogos Olímpicos?
Murilo - Acho que esquecemos. Sabíamos que a Liga era uma competição e as Olimpíadas outra completamente diferente. A derrota superamos, talvez não tenhamos superado o fato de não termos jogado bem. Perder um outro dia aconteceria. Temos que avaliar se foi por que o adversário foi muito superior ou por que jogamos abaixo do que podíamos. Então a nossa dúvida era essa. E jogamos abaixo, não que os EUA tenha sido muito superior a nós [na Liga].
ON - Na sua primeira Olimpíada você um dos destaques, mesmo sendo reserva. Qual a avaliação?
Murilo - Eu gostei. Por ser a primeira, por ter ouvido falar muito de Olimpíada durante todo esse tempo que jogo vôlei. Por ter me preparado bastante, com uma expectativa muito grande para os jogos. Estava com medo de ficar nervoso, de sentir a pressão, mas me surpreendi, porque foi o contrário. Desde o dia em que chegamos, no primeiro treino, me senti à vontade. Estava louco pra jogar. Sabia de minha condição de reserva. Que só jogaria se a equipe precisasse, e aconteceu.
ON - E essa condição que você apresentou nas Olimpíadas, deve-se à experiência na seleção?
Murilo - Acho que sim, mas também ao clube. Nos últimos três anos joguei na Itália, praticamente o tempo todo como titular. Isso te dá muita confiança, muito amadurecimento. Na seleção ainda não tive um período longo de titularidade para me adaptar a essa responsabilidade. A Itália me ajudou bastante nisso. E aí sim, os jogos que fiz pela Liga Mundial como titular [4] permitiram que eu pegasse ritmo e chegasse bem na Olimpíada. O fato de eu sempre sonhar em jogar uma Olimpíada também me deu motivação. Achei que me prejudicaria, mas foi o contrário.
ON - Na final, de novo contra os EUA, o ouro foi mérito dos norte-americanos ou queda dos brasileiros?
Murilo - Acho que eles tiveram méritos sim. No primeiro set a gente conseguiu imprimir nosso ritmo. Fomos bem, tivemos bom passes, os atacantes acertaram. No segundo foi totalmente diferente. O Stanley foi para o saque e começamos perdendo por 6-0. E isso gera uma insegurança muito grande. O Bernardo já me colocou em uma função que, em tese, não era a minha: de oposto, no lugar do André Nascimento. Acabou surtindo efeito, porque depois o Bruno entrou para sacar, estávamos com três pontos atrás e ali a sensação que tive é de que tínhamos conseguido recuperar o jogo. Isso ia dar muita confiança pra gente. Aí, justamente, não conseguimos encaixar. O Bernardo tentou de novo, colocou o Samuel como oposto, entrei no lugar do Dante, mas não deu tão certo como ele esperava. Tanto que no quarto set ele mudou de novo, fui pra ponta com o Giba, vínhamos bem, estávamos na frente, mas um detalhe fez com que déssemos de mão beijada o set pra eles.
ON - Nessa primeira participação, o ouro era necessário ou a prata deve ser comemorada?
Murilo - Para falar a verdade estou sofrendo bastante. Não consigo acreditar que perdemos aquela final. Mas falando com as pessoas aqui no Brasil, com a família, alguns jornalistas, o Bernardo, jogadores mais experientes, caso do Gustavo, acho que temos que valorizar essa prata por todo o ciclo que a seleção teve. Mas, para falar a verdade, dentro do coração, está doendo muito, não esperava perder, estava muito confiante que iríamos vencer, tínhamos qualidade, mas infelizmente não se consegue jogar bem todos os dias. Naquela final não jogamos o que podíamos.
ON - Apesar disso você teve uma alegria, que foi a vitória da Jaqueline com o ouro no feminino?
Murilo - Fiquei muito feliz. Tínhamos a sensação de que as meninas eram injustiçadas, pois ninguém merece ser taxado de "amarelão" por que perde uma semifinal olímpica para a Rússia. No vôlei você não pode sacrificar o trabalho de quatro anos por perder uma final. Então torcemos muito para elas, sabemos que elas mereceram bastante e, em especial, a Jaque. Estamos juntos há oito anos, ela já passou por duas cirurgias no joelho, trombose no braço, ficou fora de Atenas, ano passado o doping, que foi um caso absurdo, então fico muito feliz por essa superação por parte dela.
ON - Você já mostrou quem é o Murilo, mas o que você vai procurar manter do Gustavo na seleção?
Murilo - Ninguém vai conseguir substituir o Gustavo, nem tecnicamente nem em relação à liderança dele. Acho que vão se formar outros líderes, vai vir gente nova para a posição dele, mas nunca igual. O que eu vou tentar manter dele é a vontade de trabalhar, as pessoas vêem mais quando a gente joga, mas quem está ali, no dia-a-dia, batalhando, sabe o quanto um sofre, o outro sofre, e o Gustavo era um dos que mais treinava, além de um dos mais velhos. Ele estava sempre disposto, superava a dor, nunca pedia para sair do treino. Então quero que esse espírito trabalhador se mantenha, porque além da personalidade era por isso que todo o mundo o respeitava. Ele nunca desistiu, sempre treinou muito e foi recompensado por isso, sendo um dos maiores do nosso vôlei.
(fotos: divulgação/fivb)
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
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Lindooooooooo!!!Vc vai ser sempre um campeao!!Essa seleçao será sempre de ouro.Bjs a todos os meninos,em especial ao Muri.
ResponderExcluirLindooooooooo!!!Vc vai ser sempre um campeao!!Essa seleçao será sempre de ouro.Bjs a todos os meninos,em especial ao Muri.
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