Tênis: o passo-fundense Marcos Daniel, número 1 do Brasil no ranking da ATP, disputa a primeira Olimpíada aos 30 anos, graças a um trabalho de muito tempo, como define, mas sobretudo de superação e evolução
O Nacional - Como será disputar os Jogos Olímpicos?
Marcos Daniel - Qualquer esportista quer participar de uma Olimpíada. No final do ano passado vi que tinha possibilidade, depois comecei a subir no ranking, então fiquei mantendo atenção nesse detalhe, para tentar conseguir realmente chegar na data com a pontuação necessária.
ON - Qual a diferença para os demais torneios?
MD - Hoje em dia o tênis mudou muito em relação aos jogos. Em Atenas já foi um pouco diferente, mas essa veio confirmar. Foi acrescentada pontuação em nível da ATP e do Masters Series, que é bem alta, isso fez com que praticamente todos os tenistas pudessem disputar as Olimpíadas. Acaba sendo um torneio mais duro que um Grand Slam, porque só estarão os primeiros de cada país.
ON - Quais são as chances de surpresa em Pequim?
MD - Nesse momento não estou pensando em resultado, para ser sincero, quero chegar o mais rápido possível e começar a treinar, porque estou há duas semanas sem competir, principalmente em quadra dura. Vai depender muito do sorteio. Precisa ter sorte, porque vão estar jogadores diferenciados do circuito no torneio, especialmente os Top 10.
ON - Como foi a preparação para o segundo semestre?
MD - Acabei parando a preparação no meio da segunda semana, a mais importante, e perdi três dias de treino. Isso prejudicou, mas vou treinar neste final de semana e viajar na segunda-feira; terça e quarta-feira não vai dar para treinar, então só devo começar na quinta-feira, mas de leve em função do fuso horário. Sexta-feira tem a abertura, então ninguém treina, no sábado, véspera de jogo todo mundo descansa. Essa saída atrasada em razão de problemas burocráticos do meu passaporte complicaram. Ficou um pouco chato, porque fiz tudo certo, vim embora para me preparar duas semanas antes e acabou nesse enrosco. Prejudicou minha preparação aqui e vai prejudicar lá. Mas agora quero aproveitar o máximo, tentar superar essas dificuldades, espero até jogar em uma segunda-feira, que existe essa pequena possibilidade, teria um dia a mais para recuperar o sono, mas vou fazer o melhor possível, visando também dois torneios grandes que são US Open e New Haven.
ON - Como é chegar à melhor temporada aos 30 anos?
MD - É um trabalho de muito tempo, aos poucos as coisas vão se encaixando. Depois do ano passado, sabia que estava em um nível superior em termos de ranking. Esporte é momento e, às vezes, você está jogando bem e enfrenta um cara que está naqueles dias que dá tudo certo também, tem muitas coisas que influenciam. Nas últimas semanas peguei só caras Top 10 e estava jogando muito, aí complica. Agora estou em um nível para manter esse ranking abaixo dos 80 do mundo tranqüilo, só que é aquela coisa, você tem que se manter, porque tem muita gente querendo, tem que estar sempre motivado e com muita vontade por que é um esporte individual, senão não rende. Estava um pouco abaixo por causa de muitas viagens, então esses dias em casa ajudaram, espero, depois do US Open, poder dar mais uma paradinha e aí sim poder me preparar como gostaria, porque essa para as Olimpíadas foi mais confusão que preparação. Não é uma desculpa, mesmo estando bem preparado, vai ser complicado, sabemos das dificuldades e vamos tentar superar isso aí.
ON - A experiência ajuda nessa fase da carreira?
MD - Ajuda. Hoje estou mais acostumado com nível ATP Tour, joguei mais torneios, sei que posso enfrentar qualquer um de igual para igual, mas só passando esses obstáculos. Passei um pouco mais tarde devido a diversas coisas que passei na minha carreira, mas o bacana é que depois de tanto tempo eu ainda estou jogando bem, tenho evoluído, em comparação ao pessoal que tem a minha idade e despontou mais cedo, os caras já estão caindo no ranking, sem motivação, não estão rendendo. Então realmente foi por causa desses muitos fatores que não consegui chegar antes.
ON - Que objetivos você ainda tem no tênis?
MD - Para este ano tenho pontos a defender, vou tentar mantê-los nos torneios challenger dessa vez, até porque acabam os ATP, tem ainda alguns Masters Series e uns três torneios na Ásia em quadras cobertas e rápidas, não é muito a minha especialidade e não compensa a viagem. Basicamente vou ficar pela América do Sul, devo fazer alguma viagem para a Europa, mas poucas semanas. Para chegar a um Top 50 teria que somar o dobro de pontos que tenho que defender, então a primeira coisa é tentar jogar o melhor possível e isso aí acaba acontecendo. Quero apenas estar motivado e a partir do momento que começar a render mais, o que espero, o ranking vai ser conseqüência, mas, por enquanto, o objetivo é acabar o ano entre os 100, isso é certo, e Top 50 vou buscar com certeza. Mas é aquilo que já falei, no ano passado, em um mês, fiz um monte de pontos que não havia feito no ano inteiro. Tem muita gente jogando bem. Só quero seguir jogando nesse nível e a hora que der a subida de nível ao natural, como tem acontecido, é uma questão de uma ou duas semanas para estar entre os 50. Podia estar já neste ano, mas não aconteceu, são detalhes que fazem parte.
Marcos Daniel
Data de nascimento: 04/07/1978
Natural: Passo Fundo
Residência: Balneário Camboriú (SC)
Destro Altura: 1,80 m Peso: 79 kg
Início: 1997 Piso favorito: saibro
Técnico: Larri Passos
Ídolo: Boris Becker
Ranking da ATP: 74
Melhor posição: 72 (16/06/2008)
Corrida dos campeões: 113
Material esportivo: Adidas
Raquetes: Head
2008 (ATP)
Recorde: 8 - 12
Títulos: 0
Carreira (ATP)
Recorde: 14 - 37
Títulos: 0
2008
ATP & Grand Slam: quartas-de-final em Houston
Challenger: título em Bogotá, vice em Napoli, semifinal em São Paulo e quartas-de-final em Furth
(Fotos: Marcelo Ruschel/Poapress)
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
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