segunda-feira, 23 de março de 2009

Sensação do dever cumprido

Futsal: mais de um mês depois do Mundial no Brasil, tem passo-fundense que não esquece da competição. Afinal, foi a primeira Copa do Mundo do árbitro Tales Ferreira Goulart


Depois de quase 15 anos dedicados às quadras, desde o início nos acanhados, mas nervosos, ginásios do interior, passando pelas decisões de estadual, depois integrando os quadros da Confederação Brasileira e da poderosa Fifa, o árbitro Tales Ferreira Goulart comemora com a sensação de que valeu a pena a recompensa pela participação na Copa do Mundo de Futsal realizada este ano, no Brasil.


Depois do Pan do Rio de Janeiro, no ano passado, este passo-fundense por adoção - é natural de Esmeralda -, voltou à cidade maravilhosa para ser o único árbitro brasileiro na maior competição do esporte. Voltou com outra sensação: a do dever cumprido. Além da satisfação pessoal, ver o Brasil campeão coroou o ano perfeito. Você confere entrevista exclusiva com o homem do apito do melhor futsal do mundo.


O Nacional - Como você avalia a participação na Copa do Mundo?
Tales Goulart - Poder participar de uma Copa do Mundo é o objetivo de todo o árbitro e, para mim, representar o Brasil foi uma experiência que marcou minha vida. Nos 25 dias que fiquei à disposição da Fifa aprendi muito. Trabalhei em quatro jogos: três no Rio e um em Brasília. Posso dizer que fiz um bom trabalho.



ON - Como foi a preparação para o torneio lá no Rio de Janeiro?
TG - No Rio foram 11 dias de treinamento, palestras e momentos de integração. Mas o dia que mais marcou para todos os árbitros foi a prova física, pois quem não fosse aprovado voltaria para casa. Todos os 34 árbitros foram aprovados e após a missão cumprida, todos relaxaram e se dedicaram à estréia da competição.


ON - Quantos e quais jogos você apitou e qual foi mais marcante?
TG - Trabalhei em quatro jogos: Itália x EUA, EUA x Tailândia e República Tcheca x Líbia, no Rio de Janeiro, e Argentina x Paraguai, em Brasília. Esse clássico sul-americano foi o que mais me marcou por ser um jogo quente. Fizemos um ótimo trabalho, o árbitro do Equador e eu. No placar final empate em três gols.


ON - Como você avalia o nível dos jogos e das equipes participantes?
TG - As equipes que participaram do mundial mostraram um ótimo futsal provando que o esporte está se fortalecendo em todo mundo. Pudemos observar que, com exceção dos jogos do Brasil, que quase sempre terminavam em goleadas, os outros eram bem disputados e terminavam com placar apertado. Acho que o Mundial no Brasil abriu as portas para o futsal tornar-se esporte olímpico.


ON - Alguns comentaristas criticaram a escolha de árbitros de países com ligas pouco expressivas para jogos de semifinal e final. Qual sua opinião?
TG - Convivi com todos os árbitros por 11 dias até a divisão do grupo (Rio e Brasília) e posso dizer que o nível dos árbitros era equilibrado. Infelizmente, as pessoas que comentam os jogos têm um certo preconceito em relação à arbitragem. Acho que todos os árbitros poderiam errar, indiferente do país de origem.


ON - O resultado final (Brasil campeão) fez justiça ao torneio?
TG - Com toda certeza. Era o melhor grupo e o futsal do Brasil como um todo precisava desse título. Após essa conquista, nosso esporte tende a crescer ainda mais e isso será ótimo para todos: jogadores, torcedores e arbitragem.


(Fotos: Arquivo Pessoal)


Entrevista publicada na edição de O Nacional do dia 28 de novembro de 2008

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