Murilo: passo-fundense prata em Pequim fala a ON das derrotas para os EUA, da reserva, da primeira olimpíada, da vitória da noiva Jaqueline e da despedida do irmão Gustavo
O Nacional - Depois da derrota na Liga Mundial, você acha que a equipe conseguiu superar e se focar completamente nos Jogos Olímpicos?
Murilo - Acho que esquecemos. Sabíamos que a Liga era uma competição e as Olimpíadas outra completamente diferente. A derrota superamos, talvez não tenhamos superado o fato de não termos jogado bem. Perder um outro dia aconteceria. Temos que avaliar se foi por que o adversário foi muito superior ou por que jogamos abaixo do que podíamos. Então a nossa dúvida era essa. E jogamos abaixo, não que os EUA tenha sido muito superior a nós [na Liga].
ON - Na sua primeira Olimpíada você um dos destaques, mesmo sendo reserva. Qual a avaliação?
Murilo - Eu gostei. Por ser a primeira, por ter ouvido falar muito de Olimpíada durante todo esse tempo que jogo vôlei. Por ter me preparado bastante, com uma expectativa muito grande para os jogos. Estava com medo de ficar nervoso, de sentir a pressão, mas me surpreendi, porque foi o contrário. Desde o dia em que chegamos, no primeiro treino, me senti à vontade. Estava louco pra jogar. Sabia de minha condição de reserva. Que só jogaria se a equipe precisasse, e aconteceu.
ON - E essa condição que você apresentou nas Olimpíadas, deve-se à experiência na seleção?
Murilo - Acho que sim, mas também ao clube. Nos últimos três anos joguei na Itália, praticamente o tempo todo como titular. Isso te dá muita confiança, muito amadurecimento. Na seleção ainda não tive um período longo de titularidade para me adaptar a essa responsabilidade. A Itália me ajudou bastante nisso. E aí sim, os jogos que fiz pela Liga Mundial como titular [4] permitiram que eu pegasse ritmo e chegasse bem na Olimpíada. O fato de eu sempre sonhar em jogar uma Olimpíada também me deu motivação. Achei que me prejudicaria, mas foi o contrário.
ON - Na final, de novo contra os EUA, o ouro foi mérito dos norte-americanos ou queda dos brasileiros?
Murilo - Acho que eles tiveram méritos sim. No primeiro set a gente conseguiu imprimir nosso ritmo. Fomos bem, tivemos bom passes, os atacantes acertaram. No segundo foi totalmente diferente. O Stanley foi para o saque e começamos perdendo por 6-0. E isso gera uma insegurança muito grande. O Bernardo já me colocou em uma função que, em tese, não era a minha: de oposto, no lugar do André Nascimento. Acabou surtindo efeito, porque depois o Bruno entrou para sacar, estávamos com três pontos atrás e ali a sensação que tive é de que tínhamos conseguido recuperar o jogo. Isso ia dar muita confiança pra gente. Aí, justamente, não conseguimos encaixar. O Bernardo tentou de novo, colocou o Samuel como oposto, entrei no lugar do Dante, mas não deu tão certo como ele esperava. Tanto que no quarto set ele mudou de novo, fui pra ponta com o Giba, vínhamos bem, estávamos na frente, mas um detalhe fez com que déssemos de mão beijada o set pra eles.
ON - Nessa primeira participação, o ouro era necessário ou a prata deve ser comemorada?
Murilo - Para falar a verdade estou sofrendo bastante. Não consigo acreditar que perdemos aquela final. Mas falando com as pessoas aqui no Brasil, com a família, alguns jornalistas, o Bernardo, jogadores mais experientes, caso do Gustavo, acho que temos que valorizar essa prata por todo o ciclo que a seleção teve. Mas, para falar a verdade, dentro do coração, está doendo muito, não esperava perder, estava muito confiante que iríamos vencer, tínhamos qualidade, mas infelizmente não se consegue jogar bem todos os dias. Naquela final não jogamos o que podíamos.
ON - Apesar disso você teve uma alegria, que foi a vitória da Jaqueline com o ouro no feminino?
Murilo - Fiquei muito feliz. Tínhamos a sensação de que as meninas eram injustiçadas, pois ninguém merece ser taxado de "amarelão" por que perde uma semifinal olímpica para a Rússia. No vôlei você não pode sacrificar o trabalho de quatro anos por perder uma final. Então torcemos muito para elas, sabemos que elas mereceram bastante e, em especial, a Jaque. Estamos juntos há oito anos, ela já passou por duas cirurgias no joelho, trombose no braço, ficou fora de Atenas, ano passado o doping, que foi um caso absurdo, então fico muito feliz por essa superação por parte dela.
ON - Você já mostrou quem é o Murilo, mas o que você vai procurar manter do Gustavo na seleção?
Murilo - Ninguém vai conseguir substituir o Gustavo, nem tecnicamente nem em relação à liderança dele. Acho que vão se formar outros líderes, vai vir gente nova para a posição dele, mas nunca igual. O que eu vou tentar manter dele é a vontade de trabalhar, as pessoas vêem mais quando a gente joga, mas quem está ali, no dia-a-dia, batalhando, sabe o quanto um sofre, o outro sofre, e o Gustavo era um dos que mais treinava, além de um dos mais velhos. Ele estava sempre disposto, superava a dor, nunca pedia para sair do treino. Então quero que esse espírito trabalhador se mantenha, porque além da personalidade era por isso que todo o mundo o respeitava. Ele nunca desistiu, sempre treinou muito e foi recompensado por isso, sendo um dos maiores do nosso vôlei.
(fotos: divulgação/fivb)
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
ON # 053 - Frase da semana; Gustavo Endres; Até Londres 2012; Pataquadas na TV; Passo Fundo x Novo Hamburgo
Frase da semana
"Nunca vi um Brasil tão pequeno"
Não seria outra. De Maradona ao comentar o sobre o (pouco) empenho da seleção de Dunga. Aliás, reproduzo a leitura do colunista de olheiros.net, Gustavo Vargas, sobre mais um fracasso olímpico: "Criticar os jogadores por mais um fracasso olímpico pode parecer duro demais. Afinal, não foram eles os culpados pela falta de planejamento. Não foram eles os culpados pela falta de padrão tático de um 'time' que nunca esteve perto se der um time. Porém, na hora da verdade, faltou entrega. Coragem. E é aí que as críticas ganham respaldo. Com um pouco mais de tudo isso, talvez fosse possível quebrar a lógica e superar os argentinos. Ronaldinho Gaúcho? É, melhor nem comentar..."
Gustavo Endres
Melhor meio-de-rede do mundo, há oito anos, o passo-fundense Gustavo Endres se despede da seleção em alta. Sem dúvida, é o maior atleta que a cidade já teve. Com o ouro em Atenas 2004 e agora a prata em Pequim 2008, Gustavo encerra trajetória de 12 anos representando a cidade e sendo um dos líderes da geração mais vitoriosa do vôlei brasileiro. Para seguir com o nome da família Endres na seleção, Murilo pede passagem, mas ele ainda duvida da aposentadoria do irmão. "Acho que vai bater uns três meses e ele vai pedir pra voltar (risos)," comentou em entrevista a O Nacional.
(Foto: Divulgação/FIVB)
Até Londres 2012
Foram oito anos de preparação, de desconfiança e duras críticas sociopolíticas da comunidade internacional, mas a China conseguiu, no seu estilo, abrir-se para o mundo através dos Jogos Olímpicos, encerrados ontem, em Pequim. Ao contrário da abertura, a de encerramento não procurou aliar conceitos tecnológicos à história chinesa. Os organizadores optaram por algo mais simples, explorando recursos naturais para dar um recado: a poluição e o detrimento dos direitos humanos em relação à produção industrial não passam de visões "mal-acabadas" do ocidente.
(Foto: Caio Guatelli/Folha Imagem)
Pataquadas na TV
Reproduzo novamente, desta vez a coluna da jornalista Mariane Scholze, em caderno de Zero Hora: "Alguém ainda agüenta ver a família dos atletas em um cantinho da tela enquanto o filho famoso compete. Destaque negativo também para a falta de preparo de alguns repórteres ao entrevistar os esportistas. Na falta do que falar teve gente se limitando a enfiar o microfone na cara dos atletas."
Passo Fundo x Novo Hamburgo
O Nacional vai sortear ingressos para o jogo do Tricolor passo-fundense contra o Novo Hamburgo, quarta-feira, às 19h, no estádio Vermelhão da Serra. Será a segunda partida da equipe comandada por Celso Freitas e Ferreira na Copa Lupi Martins, depois da derrota na estréia para o Grêmio, mesmo tendo apresentado bom futebol. Para participar, escreva para esportes@onacional.com.br.
"Nunca vi um Brasil tão pequeno"
Não seria outra. De Maradona ao comentar o sobre o (pouco) empenho da seleção de Dunga. Aliás, reproduzo a leitura do colunista de olheiros.net, Gustavo Vargas, sobre mais um fracasso olímpico: "Criticar os jogadores por mais um fracasso olímpico pode parecer duro demais. Afinal, não foram eles os culpados pela falta de planejamento. Não foram eles os culpados pela falta de padrão tático de um 'time' que nunca esteve perto se der um time. Porém, na hora da verdade, faltou entrega. Coragem. E é aí que as críticas ganham respaldo. Com um pouco mais de tudo isso, talvez fosse possível quebrar a lógica e superar os argentinos. Ronaldinho Gaúcho? É, melhor nem comentar..."
Gustavo Endres
Melhor meio-de-rede do mundo, há oito anos, o passo-fundense Gustavo Endres se despede da seleção em alta. Sem dúvida, é o maior atleta que a cidade já teve. Com o ouro em Atenas 2004 e agora a prata em Pequim 2008, Gustavo encerra trajetória de 12 anos representando a cidade e sendo um dos líderes da geração mais vitoriosa do vôlei brasileiro. Para seguir com o nome da família Endres na seleção, Murilo pede passagem, mas ele ainda duvida da aposentadoria do irmão. "Acho que vai bater uns três meses e ele vai pedir pra voltar (risos)," comentou em entrevista a O Nacional.
(Foto: Divulgação/FIVB)
Até Londres 2012
Foram oito anos de preparação, de desconfiança e duras críticas sociopolíticas da comunidade internacional, mas a China conseguiu, no seu estilo, abrir-se para o mundo através dos Jogos Olímpicos, encerrados ontem, em Pequim. Ao contrário da abertura, a de encerramento não procurou aliar conceitos tecnológicos à história chinesa. Os organizadores optaram por algo mais simples, explorando recursos naturais para dar um recado: a poluição e o detrimento dos direitos humanos em relação à produção industrial não passam de visões "mal-acabadas" do ocidente.
(Foto: Caio Guatelli/Folha Imagem)
Pataquadas na TV
Reproduzo novamente, desta vez a coluna da jornalista Mariane Scholze, em caderno de Zero Hora: "Alguém ainda agüenta ver a família dos atletas em um cantinho da tela enquanto o filho famoso compete. Destaque negativo também para a falta de preparo de alguns repórteres ao entrevistar os esportistas. Na falta do que falar teve gente se limitando a enfiar o microfone na cara dos atletas."
Passo Fundo x Novo Hamburgo
O Nacional vai sortear ingressos para o jogo do Tricolor passo-fundense contra o Novo Hamburgo, quarta-feira, às 19h, no estádio Vermelhão da Serra. Será a segunda partida da equipe comandada por Celso Freitas e Ferreira na Copa Lupi Martins, depois da derrota na estréia para o Grêmio, mesmo tendo apresentado bom futebol. Para participar, escreva para esportes@onacional.com.br.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Prata somente na parede
Olimpíadas: o primeiro passo-fundense medalhista foi aos Jogos de Los Angeles 1984 de surpresa. Porém, a lembrança do maior título da carreira só é possível através de fotografias
Em pé, a partir da esquerda: Luiz Carlos Winck, Gilmar Rinaldi, Pinga, Ademir Kiefer, Mauro Galvão (técnico), André Luis; agachados: Paulo Santos, Dunga, Kita, Milton Cruz e Silvinho
O Brasil se orgulha de ser o único pentacampeão mundial de futebol. Mas tem um título que o país do futebol nunca conseguiu: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Em duas oportunidades o sonhado pódio dourado bateu na trave: prata em 1984, em Los Angeles, e 1988, em Seul. Na primeira medalha olímpica do futebol, um passo-fundense comandando o ataque da seleção: João Leithardt Neto, ou simplesmente Kita, o primeiro medalhista olímpico da nossa cidade.
Chamado
Foi uma surpresa. O grupo era muito bom e vínhamos de uma excursão no Japão. Estávamos bem preparados. A CBF tinha montado seleções que não davam certo. Então resolveram convidar o Grêmio, que cedia os atletas, mas queria a comissão técnica junto. O Fluminense a mesma coisa. Convidaram o clube, nós estávamos de folga, e o Inter teve que reunir todo mundo de volta. Foram 11 atletas mais o preparador físico Júlio Espinosa. O restante foi completado por outros jogadores como Chicão, da Ponte Preta, Tonho, hoje técnico do Ypiranga. O técnico era o Jair Picerni.
Campanha
Nos dois primeiros jogos fiquei no banco (vitórias contra Arábia Saudita - 3 x 1, Alemanha Ocidental - 1 x 0). O Chicão não vinha bem desde os amistosos. Fui conversar com ele que se mostrou preocupado com a mulher que estava grávida no Brasil. Acho que por isso não desenvolvia direito. No terceiro jogo, contra o Marrocos, o Picerni foi dar a palestra e pediu se alguém queria falar. Eu disse que o Chicão estava atravessando um problema e que eu estava bem, além da minha equipe estar habituada a jogar comigo. Entrei no intervalo e marquei os dois gols. Aí fiquei.
Finais
Aí veio o Canadá (1 x 1 no tempo normal, 5 x 3 nos pênaltis), depois Itália (2 x 1 na prorrogação), e a final contra a França. Há dois anos eles se preparavam para 1986. Não jogou o Platini e mais três atletas. O resto foi aquela equipe que tirou o Brasil da Copa do México. Tentamos o máximo mas perdemos (2 x 0, gols de Brisson e Xuereb). Naquela Olimpíada havia sido liberado para qualquer profissional - independente da idade - desde que nenhum tivesse participado de Copas.
Desacreditados
O futebol saiu daqui desacreditado. Mas sabíamos do nosso potencial e quem estava do outro lado. Quando a gente embarcou para os EUA o Pelé nos desejou boa sorte e gostaria que a gente trouxesse para o Brasil. A gente queria, mas chegou na hora e não deu. Mas acho que fomos longe demais pelo fato do Brasil não acreditar na gente. Quando a gente foi para as quartas-de-final a Hortência e a Paula nos deixaram uma mensagem que a gente conseguisse a medalha de ouro.
Furto da medalha
Morava em Porto Alegre, deixava a medalha em um estojinho, guardadinha, exposta na sala. Em 1986 fui para Limeira e paguei um vizinho para dar uma olhada na casa. De vez em quando eu vinha. Um dia ele me ligou dizendo que a casa tinha sido assaltada. Disse que tinham levado TV e outras coisas. Eu não podia ir, mas minha mulher foi. Ela deu uma olhada e não achou a medalha. O valor financeiro não tinha, porque não era maciça, mas o valor simbólico para mim era inestimável. Anunciei, ofereci recompensa, fui atrás do comitê olímpico. Sobrou só uma foto de lembrança.
Ouro inédito
Acho que o problema nunca foi qualidade. Nessa Olimpíada o Dunga vai muito bem. Tem muito jogador bom. Agora eu vejo um futebol diferente do que era há pouco tempo. O pessoal era mais pegador, tinha mais vontade. Hoje a maioria dos jogadores não põe o pé. Só que se for analisar uma perna de um jogador são milhões. Na minha época a gente não se preocupava com isso. Só se preocupava em ganhar. E digo mais: acho que uma Olimpíada tem mais valor que Copa do Mundo. O Brasil poderia formar duas ou três seleções. O problema é fazer dar certo lá dentro de campo.
Dunga
Acho que esta indo para o lugar certo. Mas o brasileiro é mal acostumado. Acho que tem que ganhar tudo. As pessoas são muito influenciadas pela mídia, que não tem meio termo. Falta coerência. O torcedor está vendo o jogo, mas não sabe fazer uma análise. Acontece muito. Mas tanto ele, como o Jorginho, joguei com os dois (Internacional e Flamengo), tem um futuro muito grande pela frente, foram excepcionais jogadores e são excelentes pessoas. No caso do Ronaldinho, não foi o Teixeira que mandou convocar. Na verdade o presidente está resguardando o Dunga.
Craques
Essa é difícil de dizer. Peguei uns caras que jogavam muito. Zico, Sócrates, Andrade, Adílio, Mozer. Posso te dizer o cara mais habilidoso com o que eu joguei. Foi do Flamengo e não foi o Zico. Foi o Leandro, lateral. Ele brincava com as duas. O Leandro era habilidoso e defensor.
Técnico
Tive vários muito bons. O Otacílio, o Cláudio Duarte, o Rubens Minelli, o delegado Antonio Lopes. Mas nos times que joguei, eles só tinham que escalar o time. Não tinham que dizer mais nada. Pelo que se treinava, colocava em prática. Cada um sabia o que tinha que fazer em campo.
Futebol
Logo quando eu parei no Passo Fundo, o presidente perguntou se queria treinar, porque queria contratar um técnico. Eu aceitei porque estava querendo. Tinha vindo para parar. Fiquei quatro meses como treinador, mas dentro disso comecei a me mexer. Até hoje não consegui uma oportunidade, mas fazer o quê, tentei, mas depois do Passo Fundo não consegui mais nada. Tudo na vida é ruim para quem começa, e eu partia do zero. Mas é difícil, complicado o mundo do futebol.
Histórico
Kita começou com 14 anos nas categorias de base do Gaúcho, mas só se profissionalizou no rival, 14 de Julho, em 1976. Passou depois por Criciúma, Brasil de Pelotas e Juventude, onde foi artilheiro do estadual de 1983. Transferido para o Internacional foi campeão da Copa Kirin, no Japão, e tetra Gaúcho. Nessa época representou o Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles onde foi medalha de prata. Em 1986 foi para o homônimo de Limeira, São Paulo, onde desbancou os favoritos e foi campeão paulista, além de goleador da competição. No mesmo ano foi para o Flamengo. Foi campeão da Copa União, nacional que reuniu equipes do Clube dos 13. Em 1988 voltou para Limeira e ainda passou pela Portuguesa. No ano seguinte voltou para o estado para defender o Grêmio, onde levou o título estadual e da Copa do Brasil. Depois passou por Atlético Paranaense, Figueirense, Esportivo, de Bento Gonçalves, e Guarani, de Garibaldi. Em 1994 voltou para o Passo Fundo onde encerrou a carreira.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Em pé, a partir da esquerda: Luiz Carlos Winck, Gilmar Rinaldi, Pinga, Ademir Kiefer, Mauro Galvão (técnico), André Luis; agachados: Paulo Santos, Dunga, Kita, Milton Cruz e Silvinho
O Brasil se orgulha de ser o único pentacampeão mundial de futebol. Mas tem um título que o país do futebol nunca conseguiu: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Em duas oportunidades o sonhado pódio dourado bateu na trave: prata em 1984, em Los Angeles, e 1988, em Seul. Na primeira medalha olímpica do futebol, um passo-fundense comandando o ataque da seleção: João Leithardt Neto, ou simplesmente Kita, o primeiro medalhista olímpico da nossa cidade.
Chamado
Foi uma surpresa. O grupo era muito bom e vínhamos de uma excursão no Japão. Estávamos bem preparados. A CBF tinha montado seleções que não davam certo. Então resolveram convidar o Grêmio, que cedia os atletas, mas queria a comissão técnica junto. O Fluminense a mesma coisa. Convidaram o clube, nós estávamos de folga, e o Inter teve que reunir todo mundo de volta. Foram 11 atletas mais o preparador físico Júlio Espinosa. O restante foi completado por outros jogadores como Chicão, da Ponte Preta, Tonho, hoje técnico do Ypiranga. O técnico era o Jair Picerni.
Campanha
Nos dois primeiros jogos fiquei no banco (vitórias contra Arábia Saudita - 3 x 1, Alemanha Ocidental - 1 x 0). O Chicão não vinha bem desde os amistosos. Fui conversar com ele que se mostrou preocupado com a mulher que estava grávida no Brasil. Acho que por isso não desenvolvia direito. No terceiro jogo, contra o Marrocos, o Picerni foi dar a palestra e pediu se alguém queria falar. Eu disse que o Chicão estava atravessando um problema e que eu estava bem, além da minha equipe estar habituada a jogar comigo. Entrei no intervalo e marquei os dois gols. Aí fiquei.
Finais
Aí veio o Canadá (1 x 1 no tempo normal, 5 x 3 nos pênaltis), depois Itália (2 x 1 na prorrogação), e a final contra a França. Há dois anos eles se preparavam para 1986. Não jogou o Platini e mais três atletas. O resto foi aquela equipe que tirou o Brasil da Copa do México. Tentamos o máximo mas perdemos (2 x 0, gols de Brisson e Xuereb). Naquela Olimpíada havia sido liberado para qualquer profissional - independente da idade - desde que nenhum tivesse participado de Copas.
Desacreditados
O futebol saiu daqui desacreditado. Mas sabíamos do nosso potencial e quem estava do outro lado. Quando a gente embarcou para os EUA o Pelé nos desejou boa sorte e gostaria que a gente trouxesse para o Brasil. A gente queria, mas chegou na hora e não deu. Mas acho que fomos longe demais pelo fato do Brasil não acreditar na gente. Quando a gente foi para as quartas-de-final a Hortência e a Paula nos deixaram uma mensagem que a gente conseguisse a medalha de ouro.
Furto da medalha
Morava em Porto Alegre, deixava a medalha em um estojinho, guardadinha, exposta na sala. Em 1986 fui para Limeira e paguei um vizinho para dar uma olhada na casa. De vez em quando eu vinha. Um dia ele me ligou dizendo que a casa tinha sido assaltada. Disse que tinham levado TV e outras coisas. Eu não podia ir, mas minha mulher foi. Ela deu uma olhada e não achou a medalha. O valor financeiro não tinha, porque não era maciça, mas o valor simbólico para mim era inestimável. Anunciei, ofereci recompensa, fui atrás do comitê olímpico. Sobrou só uma foto de lembrança.
Ouro inédito
Acho que o problema nunca foi qualidade. Nessa Olimpíada o Dunga vai muito bem. Tem muito jogador bom. Agora eu vejo um futebol diferente do que era há pouco tempo. O pessoal era mais pegador, tinha mais vontade. Hoje a maioria dos jogadores não põe o pé. Só que se for analisar uma perna de um jogador são milhões. Na minha época a gente não se preocupava com isso. Só se preocupava em ganhar. E digo mais: acho que uma Olimpíada tem mais valor que Copa do Mundo. O Brasil poderia formar duas ou três seleções. O problema é fazer dar certo lá dentro de campo.
Dunga
Acho que esta indo para o lugar certo. Mas o brasileiro é mal acostumado. Acho que tem que ganhar tudo. As pessoas são muito influenciadas pela mídia, que não tem meio termo. Falta coerência. O torcedor está vendo o jogo, mas não sabe fazer uma análise. Acontece muito. Mas tanto ele, como o Jorginho, joguei com os dois (Internacional e Flamengo), tem um futuro muito grande pela frente, foram excepcionais jogadores e são excelentes pessoas. No caso do Ronaldinho, não foi o Teixeira que mandou convocar. Na verdade o presidente está resguardando o Dunga.
Craques
Essa é difícil de dizer. Peguei uns caras que jogavam muito. Zico, Sócrates, Andrade, Adílio, Mozer. Posso te dizer o cara mais habilidoso com o que eu joguei. Foi do Flamengo e não foi o Zico. Foi o Leandro, lateral. Ele brincava com as duas. O Leandro era habilidoso e defensor.
Técnico
Tive vários muito bons. O Otacílio, o Cláudio Duarte, o Rubens Minelli, o delegado Antonio Lopes. Mas nos times que joguei, eles só tinham que escalar o time. Não tinham que dizer mais nada. Pelo que se treinava, colocava em prática. Cada um sabia o que tinha que fazer em campo.
Futebol
Logo quando eu parei no Passo Fundo, o presidente perguntou se queria treinar, porque queria contratar um técnico. Eu aceitei porque estava querendo. Tinha vindo para parar. Fiquei quatro meses como treinador, mas dentro disso comecei a me mexer. Até hoje não consegui uma oportunidade, mas fazer o quê, tentei, mas depois do Passo Fundo não consegui mais nada. Tudo na vida é ruim para quem começa, e eu partia do zero. Mas é difícil, complicado o mundo do futebol.
Histórico
Kita começou com 14 anos nas categorias de base do Gaúcho, mas só se profissionalizou no rival, 14 de Julho, em 1976. Passou depois por Criciúma, Brasil de Pelotas e Juventude, onde foi artilheiro do estadual de 1983. Transferido para o Internacional foi campeão da Copa Kirin, no Japão, e tetra Gaúcho. Nessa época representou o Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles onde foi medalha de prata. Em 1986 foi para o homônimo de Limeira, São Paulo, onde desbancou os favoritos e foi campeão paulista, além de goleador da competição. No mesmo ano foi para o Flamengo. Foi campeão da Copa União, nacional que reuniu equipes do Clube dos 13. Em 1988 voltou para Limeira e ainda passou pela Portuguesa. No ano seguinte voltou para o estado para defender o Grêmio, onde levou o título estadual e da Copa do Brasil. Depois passou por Atlético Paranaense, Figueirense, Esportivo, de Bento Gonçalves, e Guarani, de Garibaldi. Em 1994 voltou para o Passo Fundo onde encerrou a carreira.
(Foto: Arquivo Pessoal)
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
ON # 052 - Frase da semana; Phelps das pistas; Com chave de ouro; Líder na cidade; Lupi Martins; Brasileiro no Mundial
Frase da semana
"Só tenho de comer, dormir e nadar. Não tenho muito mais o que fazer."
Do maior atleta olímpico de todos os tempos, Michael Phelps, sendo modesto após ser perguntado sobre o desgaste que tantas provas acarretariam, isso depois de ter ganho a primeira das oito medalhas de ouro em Pequim.
Phelps das pistas
Usain Bolt brincou na final da prova mais rápida do atletismo. O jamaicano de 21 anos apenas confirmou a condição do homem mais veloz do mundo ao, sem esforço, levar o ouro olímpico com quebra de recorde mundial nos 100m rasos: 9s69. Foram 20 centésimos de vantagem para o segundo (como era o nome?). Poderia ter sido mais não fosse Bolt ter tirado o pé do acelerador a quase 20 metros da linha de chegada. Já tinha alcançado diferença considerável, abria os braços e batia no peito. Que marra! Mas o irreverente Usain, que dançou no início e no fim da prova, pode.
(Foto: Caio Guatelli/Folha Imagem)
Com chave de ouro
Outro que ratificou a condição de número 1 foi o tenista Rafael Nadal. Hoje, com a divulgação da nova lista da ATP, ele é o líder do ranking mundial, após longo reinado do mito suíço Roger Federer, que parou nas quartas no torneio olímpico. Rafa bateu na final o campeão em Atenas, o chileno Fernando Gonzales, 15º do mundo, por 3 sets a 0, parciais de 6/3, 7/6 (7/2) e 6/3, em 2 horas e 22 minutos. Mas o grande trunfo do espanhol veio antes com as vitórias sobre o rival em RG e Wimbledon.
(Foto: Divulgação)
Líder na cidade
Em uma iniciativa do Consulado Regional em Passo Fundo, comandado por Roberto Toson, o presidente do time líder do Brasileirão arrumou espaço na agenda para estar na cidade no sábado e ouvir os gremistas do interior do estado. Muito solícito, Paulo Odone não teve muitas queixas. Após duas pancadas fortes (Copa do Brasil e Gauchão), como ele mesmo disse, agora colhe os frutos da convicção no trabalho do eternamente contestado Celso Roth. A entrevista completa com o líder do clube que saiu da Batalha dos Aflitos para a final de Libertadores você confere durante a semana.
Lupi Martins
Começou no final de semana a copa do segundo semestre da Federação Gaúcha de Futebol. O Grêmio, que vem a Passo Fundo no próximo domingo, aplicou quatro no São José, no Passo D'Areia, com um time formado por juniores. O jogo no Vermelhão está marcado para as 15h e o horário tem gerado polêmica. No mesmo dia o Inter joga contra o Flamengo às 16h, provavelmente com transmissão pela TV. O Bagé, da chave 2, por exemplo, recebeu o mesmo Inter, ontem, às 11h.
Brasileiro no Mundial
O árbitro Tales Ferreira Goulart, do quadro da Fifa, foi convocado para o Mundial deste ano que será realizado no Brasil. A Copa do Mundo era o grande objetivo do juiz que reside em Passo Fundo. O torneio acontece em setembro e outubro e terá como sedes Brasília e Rio de Janeiro.
"Só tenho de comer, dormir e nadar. Não tenho muito mais o que fazer."
Do maior atleta olímpico de todos os tempos, Michael Phelps, sendo modesto após ser perguntado sobre o desgaste que tantas provas acarretariam, isso depois de ter ganho a primeira das oito medalhas de ouro em Pequim.
Phelps das pistas
Usain Bolt brincou na final da prova mais rápida do atletismo. O jamaicano de 21 anos apenas confirmou a condição do homem mais veloz do mundo ao, sem esforço, levar o ouro olímpico com quebra de recorde mundial nos 100m rasos: 9s69. Foram 20 centésimos de vantagem para o segundo (como era o nome?). Poderia ter sido mais não fosse Bolt ter tirado o pé do acelerador a quase 20 metros da linha de chegada. Já tinha alcançado diferença considerável, abria os braços e batia no peito. Que marra! Mas o irreverente Usain, que dançou no início e no fim da prova, pode.
(Foto: Caio Guatelli/Folha Imagem)
Com chave de ouro
Outro que ratificou a condição de número 1 foi o tenista Rafael Nadal. Hoje, com a divulgação da nova lista da ATP, ele é o líder do ranking mundial, após longo reinado do mito suíço Roger Federer, que parou nas quartas no torneio olímpico. Rafa bateu na final o campeão em Atenas, o chileno Fernando Gonzales, 15º do mundo, por 3 sets a 0, parciais de 6/3, 7/6 (7/2) e 6/3, em 2 horas e 22 minutos. Mas o grande trunfo do espanhol veio antes com as vitórias sobre o rival em RG e Wimbledon.
(Foto: Divulgação)
Líder na cidade
Em uma iniciativa do Consulado Regional em Passo Fundo, comandado por Roberto Toson, o presidente do time líder do Brasileirão arrumou espaço na agenda para estar na cidade no sábado e ouvir os gremistas do interior do estado. Muito solícito, Paulo Odone não teve muitas queixas. Após duas pancadas fortes (Copa do Brasil e Gauchão), como ele mesmo disse, agora colhe os frutos da convicção no trabalho do eternamente contestado Celso Roth. A entrevista completa com o líder do clube que saiu da Batalha dos Aflitos para a final de Libertadores você confere durante a semana.
Lupi Martins
Começou no final de semana a copa do segundo semestre da Federação Gaúcha de Futebol. O Grêmio, que vem a Passo Fundo no próximo domingo, aplicou quatro no São José, no Passo D'Areia, com um time formado por juniores. O jogo no Vermelhão está marcado para as 15h e o horário tem gerado polêmica. No mesmo dia o Inter joga contra o Flamengo às 16h, provavelmente com transmissão pela TV. O Bagé, da chave 2, por exemplo, recebeu o mesmo Inter, ontem, às 11h.
Brasileiro no Mundial
O árbitro Tales Ferreira Goulart, do quadro da Fifa, foi convocado para o Mundial deste ano que será realizado no Brasil. A Copa do Mundo era o grande objetivo do juiz que reside em Passo Fundo. O torneio acontece em setembro e outubro e terá como sedes Brasília e Rio de Janeiro.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
A primeira do herdeiro
Vôlei: prestes a disputar a primeira Olimpíada, o ponta passo-fundense Murilo Endres assiste a despedida do irmão da seleção e se prepara para suceder uma geração vitoriosa
O Nacional - Como está a expectativa para a disputar a primeira Olimpíada?
Murilo Endres - É difícil falar de Olimpíada em meio as finais da Liga Mundial, que também são bastante importantes para gente. Mas pensando no futuro, quando a gente começa a fazer esporte, ou quando vira profissional, tem como objetivo jogar uma Olimpíada, chegar lá, e talvez vencer, e para mim vai ser um sonho realizado, assim como foi o meu primeiro campeonato mundial, em 2006, pan, ano passado aqui no Rio, e agora nesse ciclo, tentar fechar bem com uma Olimpíada.
Não vou mentir, a ansiedade só vai aparecer quando acabarem as finais, que a gente vai relaxar e realmente pensar nas Olimpíadas. Vamos para o Japão para uma adaptação, e nessa semana que antecede a estréia vai bater uma expectativa.
ON - Como foi a entrada na seleção com a presença do irmão Gustavo na equipe?
ME - Foi normal. A gente conversava bastante antes de eu chegar na seleção, jogamos juntos no Banespa. Acho que a minha entrada no vôlei em si foi mais difícil que a chegada na seleção porque sempre fui muito tachado de ter mais oportunidades, ou de estar garantido, por ser irmão do Gustavo. Então isso me deixava muito irritado, ficava muito triste com essas coisas. Mas para entrar na seleção não teve problema nenhum, também porque é difícil entrar na seleção só por ter um irmão lá dentro. Mas as pessoas ainda associam muito meu nome ao do Gustavo, às vezes elas não sabem meu nome, mas sabem que sou irmão dele. Mas aos poucos, para falar a verdade desde 2003, estou conseguindo diferenciar um pouco as nossas carreiras, os nomes, e as pessoas já reconhecem o meu trabalho.
ON - Qual a sua opinião a respeito da aposentadoria dele, como irmão e colega?
ME - Apóio porque é uma decisão dele, não vou dizer que é precoce, porque ele está há mais de 10 anos na seleção, estou aqui e sei que não é fácil agüentar esse ritmo. No dia-a-dia a gente conversa e sei do sofrimento dele de estar longe da esposa e dos filhos, ver as crianças crescendo. Ele queria estar lá. Além do estresse que é muito grande. Então chega um tempo em que a gente tem que priorizar a família porque até hoje ele deu 100% a seleção. Acredito que seja esse o sentimento dele, mas tenho certeza que ele vai sentir muita falta. Até brinquei que ele vai conseguir ficar longe no máximo uns três meses, depois vai pedir para voltar (risos). Mas apóio, acho que ele tem que descansar mesmo, e aí, no futuro, se tiver vontade de voltar as portas vão estar abertas.
Para seleção vai ser uma perda complicada, mas por sorte o Brasil tem jogadores que conviveram com ele nesses últimos dois ou três anos, aprenderam bastante, caso do Eder, do Lucas e do Cidão, e isso ajuda bastante eles nessa adaptação.
ON - Como é ter a responsabilidade de substituir uma geração tão vitoriosa?
ME - É difícil pensar, mais a gente escuta da imprensa porque não tem como pensar agora, a gente não sabe quem vai estar ano que vem, quem vai parar. Eu sei que o Brasil, mesmo que continue o mesmo grupo ano que vem, com certeza vai sofrer uma pressão muito grande para cima de todos que estiverem aqui. E aí, citando o caso do Gustavo, do Marcelo, do André (Heller), do Anderson, que talvez parem, vai haver novos jogadores que vão chegar e precisar de um período de adaptação, porque vai mudar o time e o Brasil vai ter que continuar ganhando. Eu espero que sim, mas vamos ter que estar preparados, pois não vamos ter esse entrosamento de hoje. Então teremos que nos preparar psicologicamente para isso.
ON - Você é reserva do Giba, capitão e melhor jogador do mundo, e apontado como futuro líder dessa seleção (foi capitão na última Copa América, disputada pelos reservas - derrota para os EUA na final). Se sente preparado para a liderança?
ME - Não são as pessoas que fazem de você um líder, você tem que conquistar isso dentro de quadra, no dia-a-dia, então vai depender muito das pessoas que entrarem, que saírem. Acredito que o Giba não deve sair no ano que vem, então por pelo menos mais dois anos, até o mundial, ele fica como capitão, como líder desse grupo, por mais que não esteja sozinho, tem o apoio do Gustavo e do Serginho, que são líderes dentro do time. Vou dar toda a minha contribuição, aqueles que ficarem, casos do Rodrigão, do Dante, vão me ajudar nessa transição. Não posso falar que eu vou ser o líder porque depende de uma série de situações.
ON - Como é o seu relacionamento e dos mais novos com o técnico Bernardinho?
ME - Ele sempre trata todo mundo igualmente. Respeito e admiro muito o trabalho dele, por tudo que fez e vem fazendo pela seleção. Quando você chega aqui é difícil se acostumar com o gênio, com o jeito dele trabalhar, é muito exigente, nos jogos acaba até mesmo te irritando, a palavra certa é "te enchendo o saco", porque quer sempre a perfeição praticamente, e a gente está ali tentando se concentrar. Se você não conhece, acaba até mesmo desconcentrando, mas depois com o tempo vai acostumando e sabe que é o jeito dele, que está dando certo e acho que deve continuar. Estou preparado para lidar com ele por um bom tempo (risos).
# 8 - Murilo Endres
Posição: ponta
Altura: 1,90 m Peso: 76 kg
Data de nascimento: 03/05/81
Local: Passo Fundo (RS)
Ídolo: meu pai Arnildo
Em 2000, conquistou o vice-campeonato Sul-Americano juvenil. Foi campeão mundial juvenil em 2001. Esteve nos grupos que venceram a Liga Mundial em 2004, 2005, 2006 e 2007. Também em 2005, conquistou a medalha de ouro na Copa dos Campeões. Na última temporada, defendeu o Pallavolo Modena (ITA). Campeão mundial de 2006. Em 2007, foi campeão Pan-Americano, Sul-Americano, da Copa do Mundo e medalha de prata da Copa América, competição na qual foi o capitão da equipe brasileira.
(Fotos: Silvio Ávila/FIVB)
O Nacional - Como está a expectativa para a disputar a primeira Olimpíada?
Murilo Endres - É difícil falar de Olimpíada em meio as finais da Liga Mundial, que também são bastante importantes para gente. Mas pensando no futuro, quando a gente começa a fazer esporte, ou quando vira profissional, tem como objetivo jogar uma Olimpíada, chegar lá, e talvez vencer, e para mim vai ser um sonho realizado, assim como foi o meu primeiro campeonato mundial, em 2006, pan, ano passado aqui no Rio, e agora nesse ciclo, tentar fechar bem com uma Olimpíada.
Não vou mentir, a ansiedade só vai aparecer quando acabarem as finais, que a gente vai relaxar e realmente pensar nas Olimpíadas. Vamos para o Japão para uma adaptação, e nessa semana que antecede a estréia vai bater uma expectativa.
ON - Como foi a entrada na seleção com a presença do irmão Gustavo na equipe?
ME - Foi normal. A gente conversava bastante antes de eu chegar na seleção, jogamos juntos no Banespa. Acho que a minha entrada no vôlei em si foi mais difícil que a chegada na seleção porque sempre fui muito tachado de ter mais oportunidades, ou de estar garantido, por ser irmão do Gustavo. Então isso me deixava muito irritado, ficava muito triste com essas coisas. Mas para entrar na seleção não teve problema nenhum, também porque é difícil entrar na seleção só por ter um irmão lá dentro. Mas as pessoas ainda associam muito meu nome ao do Gustavo, às vezes elas não sabem meu nome, mas sabem que sou irmão dele. Mas aos poucos, para falar a verdade desde 2003, estou conseguindo diferenciar um pouco as nossas carreiras, os nomes, e as pessoas já reconhecem o meu trabalho.
ON - Qual a sua opinião a respeito da aposentadoria dele, como irmão e colega?
ME - Apóio porque é uma decisão dele, não vou dizer que é precoce, porque ele está há mais de 10 anos na seleção, estou aqui e sei que não é fácil agüentar esse ritmo. No dia-a-dia a gente conversa e sei do sofrimento dele de estar longe da esposa e dos filhos, ver as crianças crescendo. Ele queria estar lá. Além do estresse que é muito grande. Então chega um tempo em que a gente tem que priorizar a família porque até hoje ele deu 100% a seleção. Acredito que seja esse o sentimento dele, mas tenho certeza que ele vai sentir muita falta. Até brinquei que ele vai conseguir ficar longe no máximo uns três meses, depois vai pedir para voltar (risos). Mas apóio, acho que ele tem que descansar mesmo, e aí, no futuro, se tiver vontade de voltar as portas vão estar abertas.
Para seleção vai ser uma perda complicada, mas por sorte o Brasil tem jogadores que conviveram com ele nesses últimos dois ou três anos, aprenderam bastante, caso do Eder, do Lucas e do Cidão, e isso ajuda bastante eles nessa adaptação.
ON - Como é ter a responsabilidade de substituir uma geração tão vitoriosa?
ME - É difícil pensar, mais a gente escuta da imprensa porque não tem como pensar agora, a gente não sabe quem vai estar ano que vem, quem vai parar. Eu sei que o Brasil, mesmo que continue o mesmo grupo ano que vem, com certeza vai sofrer uma pressão muito grande para cima de todos que estiverem aqui. E aí, citando o caso do Gustavo, do Marcelo, do André (Heller), do Anderson, que talvez parem, vai haver novos jogadores que vão chegar e precisar de um período de adaptação, porque vai mudar o time e o Brasil vai ter que continuar ganhando. Eu espero que sim, mas vamos ter que estar preparados, pois não vamos ter esse entrosamento de hoje. Então teremos que nos preparar psicologicamente para isso.
ON - Você é reserva do Giba, capitão e melhor jogador do mundo, e apontado como futuro líder dessa seleção (foi capitão na última Copa América, disputada pelos reservas - derrota para os EUA na final). Se sente preparado para a liderança?
ME - Não são as pessoas que fazem de você um líder, você tem que conquistar isso dentro de quadra, no dia-a-dia, então vai depender muito das pessoas que entrarem, que saírem. Acredito que o Giba não deve sair no ano que vem, então por pelo menos mais dois anos, até o mundial, ele fica como capitão, como líder desse grupo, por mais que não esteja sozinho, tem o apoio do Gustavo e do Serginho, que são líderes dentro do time. Vou dar toda a minha contribuição, aqueles que ficarem, casos do Rodrigão, do Dante, vão me ajudar nessa transição. Não posso falar que eu vou ser o líder porque depende de uma série de situações.
ON - Como é o seu relacionamento e dos mais novos com o técnico Bernardinho?
ME - Ele sempre trata todo mundo igualmente. Respeito e admiro muito o trabalho dele, por tudo que fez e vem fazendo pela seleção. Quando você chega aqui é difícil se acostumar com o gênio, com o jeito dele trabalhar, é muito exigente, nos jogos acaba até mesmo te irritando, a palavra certa é "te enchendo o saco", porque quer sempre a perfeição praticamente, e a gente está ali tentando se concentrar. Se você não conhece, acaba até mesmo desconcentrando, mas depois com o tempo vai acostumando e sabe que é o jeito dele, que está dando certo e acho que deve continuar. Estou preparado para lidar com ele por um bom tempo (risos).
# 8 - Murilo Endres
Posição: ponta
Altura: 1,90 m Peso: 76 kg
Data de nascimento: 03/05/81
Local: Passo Fundo (RS)
Ídolo: meu pai Arnildo
Em 2000, conquistou o vice-campeonato Sul-Americano juvenil. Foi campeão mundial juvenil em 2001. Esteve nos grupos que venceram a Liga Mundial em 2004, 2005, 2006 e 2007. Também em 2005, conquistou a medalha de ouro na Copa dos Campeões. Na última temporada, defendeu o Pallavolo Modena (ITA). Campeão mundial de 2006. Em 2007, foi campeão Pan-Americano, Sul-Americano, da Copa do Mundo e medalha de prata da Copa América, competição na qual foi o capitão da equipe brasileira.
(Fotos: Silvio Ávila/FIVB)
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
ON # 051 - Frase da semana; Tudo na mesma; Com quem será 1 e 2; Just do It
Frase da semana
"Too much soccer"
Do craque Kobe Bryant, amigo de Ronaldinho Gaúcho, que desfilou no final de semana contra os donos da casa, sobre a crise do basquete masculino no Brasil.
Tudo na mesma
Varando madrugadas, zapeando canais, dormindo pouco e tarde, acordando cedo, vejo que os Jogos Olímpicos continuam basicamente os mesmos. Com a experiência do fuso de Sidney 2000, acompanho a soberania estadunidense, mas a notável ascensão chinesa, pelo irredutível fator local. O Brasil, mesmo batendo recorde na delegação olímpica - 469 atletas - não deve repetí-lo no quadro de medalhas.
(Foto: Divulgação)
Com quem será 1
Tomo a liberdade de reproduzir e-mail de um leitor ao colunista de ZH Wianey Carlet. "Como é sabido, o Tricolor além de estar atravessando uma excelente fase, está em vias de estrear na Copa Sul-americana. Logo, haverá acúmulo de jogos e o inevitável desgaste por participar em duas competições de porte. Considerando a prioridade do Brasileiro, sugiro que: como Roth acertou em cheio o esquema com três zagueiros, como há reforços de qualidade, como há reservas pedindo passagem, como há problemas de desgaste físico, que dispute com Grohe; Thiego, Jean e Heverton; Felipe, Amaral, Makelele, Souza e Helder; André e Reinaldo; restando Matheus, Wagner, Rudnei, Maylson, Adilson, Orteman e Soares." A sugestão é interessante, até porque os titulares seriam reservas, e vice-versa, em ambos campeonatos, e se manteriam todos atletas em atividade. Mas não foi contado um detalhe: o adversário de estréia na Sul-americana será o rival Inter.
Com quem será 2
Por mais que neguem, Grêmio e Inter devem priorizar o Brasileirão. Afinal, a Sul-americana não leva a Libertadores - dá uma polpuda premiação, nada mais. O Inter faz mistério quanto à inscrição de D'Alessandro, pensa no risco de colocar a principal contratação e perder para o rival embalado mesmo com reservas. Da mesma forma, perder com os titulares desarrumaria ainda mais a casa vermelha. Por isso poderia seguir o exemplo acima, com a vantagem de um grupo ainda maior e mais forte: Ricardo; Ricardo Lopes, Alvaro, Índio e Marcão; Edinho, Rosinei, Andrezinho e Taison; Adriano e Luiz Carlos seriam a hipotética equipe, com reservas como Agenor, Bustos, Danny, Sandro, Maycon, Ramón e Walter. Clemer; Monteiro, Bolívar, Sorondo e Nery; Magrão, Guiñazú, Daniel e D'Alessandro; Alex e Nilmar, seriam os titulares. Escrevam sugerindo suas formações de reservas.
(Foto: Arquivo/ON)
Just do It
O novo comercial da Nike, que estreou no Brasil na última semana, faz parte da comemoração do 20º aniversário do slogan Just do It. O vídeo reúne histórias de 31 atletas patrocinados pela empresa: de Lance Armstrong a Michael Jordan. All These Things That I've Done, do The Killers, dá um ritmo pulsante às cenas. Just do it significa não ter desculpas, não ter medo de arriscar, ultrapassar limites, se levantar quando está caído, nunca desistir nas derrotas. Inspiração para os atletas em tempos de Olimpíadas, onde se busca a superação pessoal.
Confira em www.nike.com/superacao
(Foto: Divulgação)
"Too much soccer"
Do craque Kobe Bryant, amigo de Ronaldinho Gaúcho, que desfilou no final de semana contra os donos da casa, sobre a crise do basquete masculino no Brasil.
Tudo na mesma
Varando madrugadas, zapeando canais, dormindo pouco e tarde, acordando cedo, vejo que os Jogos Olímpicos continuam basicamente os mesmos. Com a experiência do fuso de Sidney 2000, acompanho a soberania estadunidense, mas a notável ascensão chinesa, pelo irredutível fator local. O Brasil, mesmo batendo recorde na delegação olímpica - 469 atletas - não deve repetí-lo no quadro de medalhas.
(Foto: Divulgação)
Com quem será 1
Tomo a liberdade de reproduzir e-mail de um leitor ao colunista de ZH Wianey Carlet. "Como é sabido, o Tricolor além de estar atravessando uma excelente fase, está em vias de estrear na Copa Sul-americana. Logo, haverá acúmulo de jogos e o inevitável desgaste por participar em duas competições de porte. Considerando a prioridade do Brasileiro, sugiro que: como Roth acertou em cheio o esquema com três zagueiros, como há reforços de qualidade, como há reservas pedindo passagem, como há problemas de desgaste físico, que dispute com Grohe; Thiego, Jean e Heverton; Felipe, Amaral, Makelele, Souza e Helder; André e Reinaldo; restando Matheus, Wagner, Rudnei, Maylson, Adilson, Orteman e Soares." A sugestão é interessante, até porque os titulares seriam reservas, e vice-versa, em ambos campeonatos, e se manteriam todos atletas em atividade. Mas não foi contado um detalhe: o adversário de estréia na Sul-americana será o rival Inter.
Com quem será 2
Por mais que neguem, Grêmio e Inter devem priorizar o Brasileirão. Afinal, a Sul-americana não leva a Libertadores - dá uma polpuda premiação, nada mais. O Inter faz mistério quanto à inscrição de D'Alessandro, pensa no risco de colocar a principal contratação e perder para o rival embalado mesmo com reservas. Da mesma forma, perder com os titulares desarrumaria ainda mais a casa vermelha. Por isso poderia seguir o exemplo acima, com a vantagem de um grupo ainda maior e mais forte: Ricardo; Ricardo Lopes, Alvaro, Índio e Marcão; Edinho, Rosinei, Andrezinho e Taison; Adriano e Luiz Carlos seriam a hipotética equipe, com reservas como Agenor, Bustos, Danny, Sandro, Maycon, Ramón e Walter. Clemer; Monteiro, Bolívar, Sorondo e Nery; Magrão, Guiñazú, Daniel e D'Alessandro; Alex e Nilmar, seriam os titulares. Escrevam sugerindo suas formações de reservas.
(Foto: Arquivo/ON)
Just do It
O novo comercial da Nike, que estreou no Brasil na última semana, faz parte da comemoração do 20º aniversário do slogan Just do It. O vídeo reúne histórias de 31 atletas patrocinados pela empresa: de Lance Armstrong a Michael Jordan. All These Things That I've Done, do The Killers, dá um ritmo pulsante às cenas. Just do it significa não ter desculpas, não ter medo de arriscar, ultrapassar limites, se levantar quando está caído, nunca desistir nas derrotas. Inspiração para os atletas em tempos de Olimpíadas, onde se busca a superação pessoal.
Confira em www.nike.com/superacao
(Foto: Divulgação)
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Valeu a pena
Tênis: o passo-fundense Marcos Daniel, número 1 do Brasil no ranking da ATP, disputa a primeira Olimpíada aos 30 anos, graças a um trabalho de muito tempo, como define, mas sobretudo de superação e evolução
O Nacional - Como será disputar os Jogos Olímpicos?
Marcos Daniel - Qualquer esportista quer participar de uma Olimpíada. No final do ano passado vi que tinha possibilidade, depois comecei a subir no ranking, então fiquei mantendo atenção nesse detalhe, para tentar conseguir realmente chegar na data com a pontuação necessária.
ON - Qual a diferença para os demais torneios?
MD - Hoje em dia o tênis mudou muito em relação aos jogos. Em Atenas já foi um pouco diferente, mas essa veio confirmar. Foi acrescentada pontuação em nível da ATP e do Masters Series, que é bem alta, isso fez com que praticamente todos os tenistas pudessem disputar as Olimpíadas. Acaba sendo um torneio mais duro que um Grand Slam, porque só estarão os primeiros de cada país.
ON - Quais são as chances de surpresa em Pequim?
MD - Nesse momento não estou pensando em resultado, para ser sincero, quero chegar o mais rápido possível e começar a treinar, porque estou há duas semanas sem competir, principalmente em quadra dura. Vai depender muito do sorteio. Precisa ter sorte, porque vão estar jogadores diferenciados do circuito no torneio, especialmente os Top 10.
ON - Como foi a preparação para o segundo semestre?
MD - Acabei parando a preparação no meio da segunda semana, a mais importante, e perdi três dias de treino. Isso prejudicou, mas vou treinar neste final de semana e viajar na segunda-feira; terça e quarta-feira não vai dar para treinar, então só devo começar na quinta-feira, mas de leve em função do fuso horário. Sexta-feira tem a abertura, então ninguém treina, no sábado, véspera de jogo todo mundo descansa. Essa saída atrasada em razão de problemas burocráticos do meu passaporte complicaram. Ficou um pouco chato, porque fiz tudo certo, vim embora para me preparar duas semanas antes e acabou nesse enrosco. Prejudicou minha preparação aqui e vai prejudicar lá. Mas agora quero aproveitar o máximo, tentar superar essas dificuldades, espero até jogar em uma segunda-feira, que existe essa pequena possibilidade, teria um dia a mais para recuperar o sono, mas vou fazer o melhor possível, visando também dois torneios grandes que são US Open e New Haven.
ON - Como é chegar à melhor temporada aos 30 anos?
MD - É um trabalho de muito tempo, aos poucos as coisas vão se encaixando. Depois do ano passado, sabia que estava em um nível superior em termos de ranking. Esporte é momento e, às vezes, você está jogando bem e enfrenta um cara que está naqueles dias que dá tudo certo também, tem muitas coisas que influenciam. Nas últimas semanas peguei só caras Top 10 e estava jogando muito, aí complica. Agora estou em um nível para manter esse ranking abaixo dos 80 do mundo tranqüilo, só que é aquela coisa, você tem que se manter, porque tem muita gente querendo, tem que estar sempre motivado e com muita vontade por que é um esporte individual, senão não rende. Estava um pouco abaixo por causa de muitas viagens, então esses dias em casa ajudaram, espero, depois do US Open, poder dar mais uma paradinha e aí sim poder me preparar como gostaria, porque essa para as Olimpíadas foi mais confusão que preparação. Não é uma desculpa, mesmo estando bem preparado, vai ser complicado, sabemos das dificuldades e vamos tentar superar isso aí.
ON - A experiência ajuda nessa fase da carreira?
MD - Ajuda. Hoje estou mais acostumado com nível ATP Tour, joguei mais torneios, sei que posso enfrentar qualquer um de igual para igual, mas só passando esses obstáculos. Passei um pouco mais tarde devido a diversas coisas que passei na minha carreira, mas o bacana é que depois de tanto tempo eu ainda estou jogando bem, tenho evoluído, em comparação ao pessoal que tem a minha idade e despontou mais cedo, os caras já estão caindo no ranking, sem motivação, não estão rendendo. Então realmente foi por causa desses muitos fatores que não consegui chegar antes.
ON - Que objetivos você ainda tem no tênis?
MD - Para este ano tenho pontos a defender, vou tentar mantê-los nos torneios challenger dessa vez, até porque acabam os ATP, tem ainda alguns Masters Series e uns três torneios na Ásia em quadras cobertas e rápidas, não é muito a minha especialidade e não compensa a viagem. Basicamente vou ficar pela América do Sul, devo fazer alguma viagem para a Europa, mas poucas semanas. Para chegar a um Top 50 teria que somar o dobro de pontos que tenho que defender, então a primeira coisa é tentar jogar o melhor possível e isso aí acaba acontecendo. Quero apenas estar motivado e a partir do momento que começar a render mais, o que espero, o ranking vai ser conseqüência, mas, por enquanto, o objetivo é acabar o ano entre os 100, isso é certo, e Top 50 vou buscar com certeza. Mas é aquilo que já falei, no ano passado, em um mês, fiz um monte de pontos que não havia feito no ano inteiro. Tem muita gente jogando bem. Só quero seguir jogando nesse nível e a hora que der a subida de nível ao natural, como tem acontecido, é uma questão de uma ou duas semanas para estar entre os 50. Podia estar já neste ano, mas não aconteceu, são detalhes que fazem parte.
Marcos Daniel
Data de nascimento: 04/07/1978
Natural: Passo Fundo
Residência: Balneário Camboriú (SC)
Destro Altura: 1,80 m Peso: 79 kg
Início: 1997 Piso favorito: saibro
Técnico: Larri Passos
Ídolo: Boris Becker
Ranking da ATP: 74
Melhor posição: 72 (16/06/2008)
Corrida dos campeões: 113
Material esportivo: Adidas
Raquetes: Head
2008 (ATP)
Recorde: 8 - 12
Títulos: 0
Carreira (ATP)
Recorde: 14 - 37
Títulos: 0
2008
ATP & Grand Slam: quartas-de-final em Houston
Challenger: título em Bogotá, vice em Napoli, semifinal em São Paulo e quartas-de-final em Furth
(Fotos: Marcelo Ruschel/Poapress)
O Nacional - Como será disputar os Jogos Olímpicos?
Marcos Daniel - Qualquer esportista quer participar de uma Olimpíada. No final do ano passado vi que tinha possibilidade, depois comecei a subir no ranking, então fiquei mantendo atenção nesse detalhe, para tentar conseguir realmente chegar na data com a pontuação necessária.
ON - Qual a diferença para os demais torneios?
MD - Hoje em dia o tênis mudou muito em relação aos jogos. Em Atenas já foi um pouco diferente, mas essa veio confirmar. Foi acrescentada pontuação em nível da ATP e do Masters Series, que é bem alta, isso fez com que praticamente todos os tenistas pudessem disputar as Olimpíadas. Acaba sendo um torneio mais duro que um Grand Slam, porque só estarão os primeiros de cada país.
ON - Quais são as chances de surpresa em Pequim?
MD - Nesse momento não estou pensando em resultado, para ser sincero, quero chegar o mais rápido possível e começar a treinar, porque estou há duas semanas sem competir, principalmente em quadra dura. Vai depender muito do sorteio. Precisa ter sorte, porque vão estar jogadores diferenciados do circuito no torneio, especialmente os Top 10.
ON - Como foi a preparação para o segundo semestre?
MD - Acabei parando a preparação no meio da segunda semana, a mais importante, e perdi três dias de treino. Isso prejudicou, mas vou treinar neste final de semana e viajar na segunda-feira; terça e quarta-feira não vai dar para treinar, então só devo começar na quinta-feira, mas de leve em função do fuso horário. Sexta-feira tem a abertura, então ninguém treina, no sábado, véspera de jogo todo mundo descansa. Essa saída atrasada em razão de problemas burocráticos do meu passaporte complicaram. Ficou um pouco chato, porque fiz tudo certo, vim embora para me preparar duas semanas antes e acabou nesse enrosco. Prejudicou minha preparação aqui e vai prejudicar lá. Mas agora quero aproveitar o máximo, tentar superar essas dificuldades, espero até jogar em uma segunda-feira, que existe essa pequena possibilidade, teria um dia a mais para recuperar o sono, mas vou fazer o melhor possível, visando também dois torneios grandes que são US Open e New Haven.
ON - Como é chegar à melhor temporada aos 30 anos?
MD - É um trabalho de muito tempo, aos poucos as coisas vão se encaixando. Depois do ano passado, sabia que estava em um nível superior em termos de ranking. Esporte é momento e, às vezes, você está jogando bem e enfrenta um cara que está naqueles dias que dá tudo certo também, tem muitas coisas que influenciam. Nas últimas semanas peguei só caras Top 10 e estava jogando muito, aí complica. Agora estou em um nível para manter esse ranking abaixo dos 80 do mundo tranqüilo, só que é aquela coisa, você tem que se manter, porque tem muita gente querendo, tem que estar sempre motivado e com muita vontade por que é um esporte individual, senão não rende. Estava um pouco abaixo por causa de muitas viagens, então esses dias em casa ajudaram, espero, depois do US Open, poder dar mais uma paradinha e aí sim poder me preparar como gostaria, porque essa para as Olimpíadas foi mais confusão que preparação. Não é uma desculpa, mesmo estando bem preparado, vai ser complicado, sabemos das dificuldades e vamos tentar superar isso aí.
ON - A experiência ajuda nessa fase da carreira?
MD - Ajuda. Hoje estou mais acostumado com nível ATP Tour, joguei mais torneios, sei que posso enfrentar qualquer um de igual para igual, mas só passando esses obstáculos. Passei um pouco mais tarde devido a diversas coisas que passei na minha carreira, mas o bacana é que depois de tanto tempo eu ainda estou jogando bem, tenho evoluído, em comparação ao pessoal que tem a minha idade e despontou mais cedo, os caras já estão caindo no ranking, sem motivação, não estão rendendo. Então realmente foi por causa desses muitos fatores que não consegui chegar antes.
ON - Que objetivos você ainda tem no tênis?
MD - Para este ano tenho pontos a defender, vou tentar mantê-los nos torneios challenger dessa vez, até porque acabam os ATP, tem ainda alguns Masters Series e uns três torneios na Ásia em quadras cobertas e rápidas, não é muito a minha especialidade e não compensa a viagem. Basicamente vou ficar pela América do Sul, devo fazer alguma viagem para a Europa, mas poucas semanas. Para chegar a um Top 50 teria que somar o dobro de pontos que tenho que defender, então a primeira coisa é tentar jogar o melhor possível e isso aí acaba acontecendo. Quero apenas estar motivado e a partir do momento que começar a render mais, o que espero, o ranking vai ser conseqüência, mas, por enquanto, o objetivo é acabar o ano entre os 100, isso é certo, e Top 50 vou buscar com certeza. Mas é aquilo que já falei, no ano passado, em um mês, fiz um monte de pontos que não havia feito no ano inteiro. Tem muita gente jogando bem. Só quero seguir jogando nesse nível e a hora que der a subida de nível ao natural, como tem acontecido, é uma questão de uma ou duas semanas para estar entre os 50. Podia estar já neste ano, mas não aconteceu, são detalhes que fazem parte.
Marcos Daniel
Data de nascimento: 04/07/1978
Natural: Passo Fundo
Residência: Balneário Camboriú (SC)
Destro Altura: 1,80 m Peso: 79 kg
Início: 1997 Piso favorito: saibro
Técnico: Larri Passos
Ídolo: Boris Becker
Ranking da ATP: 74
Melhor posição: 72 (16/06/2008)
Corrida dos campeões: 113
Material esportivo: Adidas
Raquetes: Head
2008 (ATP)
Recorde: 8 - 12
Títulos: 0
Carreira (ATP)
Recorde: 14 - 37
Títulos: 0
2008
ATP & Grand Slam: quartas-de-final em Houston
Challenger: título em Bogotá, vice em Napoli, semifinal em São Paulo e quartas-de-final em Furth
(Fotos: Marcelo Ruschel/Poapress)
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
ON # 050 - Frase da semana; Consciência admirável; Conta uma novidade; Defesa-escorpião
Frase da semana
"É mais uma polêmica, mas estou aqui para isso mesmo..."
Do sincero atacante Edmundo, após dar nome aos bois à imprensa sobre os colegas que se recusaram a jogar depois de serem pressionados por torcedores em treino. Após a saída de Euricão, o Vasco passa pela pior crise de toda história...
Consciência admirável
O meia argentino Andrés D'Alessandro é a maior contratação da história do Internacional, na visão de jogador mais famoso já trazido pelo clube. O grande reforço colorado para o ano do centenário, vestiu a 99, mas deve ficar com a 15. Foi com essa camisa que foi campeão olímpico em Atenas 2004, ao lado de Aimar, Lucho González e Carlitos Tévez. É um craque, mas precisa voltar a jogar o que andou perdendo nas passagens frustradas por Zaragoza e San Lorenzo. No clube argentino, inclusive, foi também o grande reforço para o centenário, que acabou naufragando. A sina dos 100 anos atinge uma grande parcela de clubes. Exemplos são o Galo este ano, o rival Grêmio, em 2003, e o Flamengo, em 1995.
Mas o que chama atenção em D'Alessandro é o seu surpreendente comportamento, à primeira vista, fora de campo. A pinta de "marrento" podia ser facilmente comprada pelo estilo visual e até futebolístico. Mas, criado na escola hermana, Andrés é usual nas entrevistas. "O carinho dos torcedores, no aeroporto, nas ruas, no campo, me dá muita gana..." Como não gostar. "Não me importo se sou o mais caro ou o mais barato. As vitórias são pelo esforço de todos. Como dizemos na Argentina, sou apenas mais um grão de areia." Não precisa falar mais nada. Enquanto isso, alguns feras...
(foto: jefferson bernardes/vipcomm)
Conta uma novidade
A fraca exibição que Internacional e Santos proporcionaram no meio da semana (Inter se recuperou batendo no bêbado Fluminense - e mesmo assim sofrendo no final -; Peixe manteve a ruindade), que chegou a causar sono no recém-chegado craque argentino D'Alessandro, expõe a grave e sabida crise do futebol nacional. Com as diferenças cambiais, as facilidades para nossos jogadores obterem passaportes europeus e a abertura do mercado de países emergentes, nem os medianos tem sobrado em nossos campeonatos. Resultado: ou temos jogadores em final de carreira, sem força para agüentar o pique do calendário nacional, ou temos jovens recém-saídos das fraldas, que dormem no estadual de juvenis e acordam para salvar os times da crise. Alguns sequer tiveram os fundamentos consolidados, mal sabem dominar ou cruzar. Quem sofre é o torcedor, e como sofre. E ainda querem vender nosso campeonato para o exterior. Mais saídas?
Defesa-escorpião
O lance do colombiano René Higuita foi eleito na última semana a melhor jogada da história do futebol. A escolha foi feita pelo site inglês Footy Boots e contou ainda com lances de craques como Ronaldinho Gaúcho, Maradona e Cruyff. Higuita colocou o momento na história em 7 de setembro de 1995, amistoso entre Colômbia e Inglaterra em Wembley. Jamie Redknapp arriscou de fora da área. O goleiro colombiano então arriscou tirando a bola no ar com a sola dos pés. A jogada foi escolhida por 20% dos eleitores do site, superando por pouco Ronaldinho Gaúcho. Com 19% dos votos, o brasileiro foi lembrado por um elástico quando jogava pelo Barcelona. Entre os demais citados, destaque para Cruyff, Cristiano Ronaldo e Kerlon. O cruzeirense ganhou destaque com o "drible da foca" e arrebanhou 15% dos votos.
(foto: divulgação)
"É mais uma polêmica, mas estou aqui para isso mesmo..."
Do sincero atacante Edmundo, após dar nome aos bois à imprensa sobre os colegas que se recusaram a jogar depois de serem pressionados por torcedores em treino. Após a saída de Euricão, o Vasco passa pela pior crise de toda história...
Consciência admirável
O meia argentino Andrés D'Alessandro é a maior contratação da história do Internacional, na visão de jogador mais famoso já trazido pelo clube. O grande reforço colorado para o ano do centenário, vestiu a 99, mas deve ficar com a 15. Foi com essa camisa que foi campeão olímpico em Atenas 2004, ao lado de Aimar, Lucho González e Carlitos Tévez. É um craque, mas precisa voltar a jogar o que andou perdendo nas passagens frustradas por Zaragoza e San Lorenzo. No clube argentino, inclusive, foi também o grande reforço para o centenário, que acabou naufragando. A sina dos 100 anos atinge uma grande parcela de clubes. Exemplos são o Galo este ano, o rival Grêmio, em 2003, e o Flamengo, em 1995.
Mas o que chama atenção em D'Alessandro é o seu surpreendente comportamento, à primeira vista, fora de campo. A pinta de "marrento" podia ser facilmente comprada pelo estilo visual e até futebolístico. Mas, criado na escola hermana, Andrés é usual nas entrevistas. "O carinho dos torcedores, no aeroporto, nas ruas, no campo, me dá muita gana..." Como não gostar. "Não me importo se sou o mais caro ou o mais barato. As vitórias são pelo esforço de todos. Como dizemos na Argentina, sou apenas mais um grão de areia." Não precisa falar mais nada. Enquanto isso, alguns feras...
(foto: jefferson bernardes/vipcomm)
Conta uma novidade
A fraca exibição que Internacional e Santos proporcionaram no meio da semana (Inter se recuperou batendo no bêbado Fluminense - e mesmo assim sofrendo no final -; Peixe manteve a ruindade), que chegou a causar sono no recém-chegado craque argentino D'Alessandro, expõe a grave e sabida crise do futebol nacional. Com as diferenças cambiais, as facilidades para nossos jogadores obterem passaportes europeus e a abertura do mercado de países emergentes, nem os medianos tem sobrado em nossos campeonatos. Resultado: ou temos jogadores em final de carreira, sem força para agüentar o pique do calendário nacional, ou temos jovens recém-saídos das fraldas, que dormem no estadual de juvenis e acordam para salvar os times da crise. Alguns sequer tiveram os fundamentos consolidados, mal sabem dominar ou cruzar. Quem sofre é o torcedor, e como sofre. E ainda querem vender nosso campeonato para o exterior. Mais saídas?
Defesa-escorpião
O lance do colombiano René Higuita foi eleito na última semana a melhor jogada da história do futebol. A escolha foi feita pelo site inglês Footy Boots e contou ainda com lances de craques como Ronaldinho Gaúcho, Maradona e Cruyff. Higuita colocou o momento na história em 7 de setembro de 1995, amistoso entre Colômbia e Inglaterra em Wembley. Jamie Redknapp arriscou de fora da área. O goleiro colombiano então arriscou tirando a bola no ar com a sola dos pés. A jogada foi escolhida por 20% dos eleitores do site, superando por pouco Ronaldinho Gaúcho. Com 19% dos votos, o brasileiro foi lembrado por um elástico quando jogava pelo Barcelona. Entre os demais citados, destaque para Cruyff, Cristiano Ronaldo e Kerlon. O cruzeirense ganhou destaque com o "drible da foca" e arrebanhou 15% dos votos.
(foto: divulgação)
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