Dupla: mais que representantes dos clubes que tanto amam, os cônsules tornam-se torcedores símbolos de Grêmio e Internacional no interior do estado. Na véspera do primeiro Gre-Nal do ano, conheça mais sobre a cara da dupla em Passo Fundo
Um gremista de família
Quando o pai Roberto e os filhos Betinho, Gabriel e Guilherme reúnem-se no canto da sala, a mãe Morgana sabe que não se trata de uma reunião familiar. Quer dizer, sim é uma reunião, mas mais que familiar, é uma reunião de gremistas da família. Exceto, é claro, pela colorada Morgana. Na casa do cônsul do Grêmio em Passo Fundo, Roberto Toson, você não vai encontrar tudo em azul, preto e branco, apesar de a cor da casa ser azul. Nem vermelha: "Apenas duas maçãs na fruteira...". Para ele, as melhores recordações do time estão no coração e na mente. Para os filhos, que herdaram o amor do pai, estão nas mais de 50 camisas tricolores. Além é claro de outros souvenires. O preferido do pai: Grande Assador Gremista.
Roberto Toson, 46 anos, empresário, cônsul do Grêmio há 12 anos
Qual o papel do cônsul?
Você representa o time no local. Toda vez que o Grêmio vem jogar em Passo Fundo ou na região, como agora em Erechim, ficamos à disposição, falamos em nome do Grêmio. O nosso consulado, desde agosto do ano passado, passou a ser regional, abrangendo Soledade, Guaporé, Erechim e Lagoa Vermelha. Mantemos contato mensal com os cônsules locais, trocamos ideias, falamos sobre o Grêmio. Além disso, podemos indicar atletas para o clube. Não garantimos lugar no time, mas encurta caminhos. Temos uma boa relação com a associação que faz um trabalho voluntário, assim como o nosso, organiza excursões, e nós do consulado também fazemos as nossas para os amigos em geral.
Como se tornou cônsul?
Era vice-cônsul e em 1997 fui convidado pelo Hélio Dourado, indicado pelo Antônio Verardi, para que assumisse. Como era sócio, fui nomeado e desde então represento o clube. São oito ou dez adjuntos nomeados que trabalham comigo. Para este Gre-Nal estamos dando todo suporte para a delegação aqui e em Erechim.
Como nasceu o amor pelo clube?
Costumo dizer que sou gremista desde o ventre da minha mãe. Sou de uma família de quatro irmãos: dois são gremistas e dois são colorados. Meu pai era gremista e minha mãe colorada. Tenho recortes de jornais, camisetas, meus filhos são todos gremistas, isso tudo são fases, cresci, constitui família, mas sempre com o Grêmio presente. Hoje as recordações estão no coração e na mente. Torço pelo time, vivo o clube, mas nunca sem razão, não se pode levar pelo fanatismo.
Momento inesquecível com o Grêmio?
Foram vários, mas o maior foi o do bicampeonato da Copa do Brasil, em 1997. O Grêmio saiu ganhando do Flamengo no Maracanã. Romário virou e o Carlos Miguel empatou no final. Meu primeiro filho chorava antes de terminar o jogo. Eu dizia para ele ter fé que o jogo não tinha terminado. De repente teve aquele gol, o Grêmio foi campeão e aquilo foi uma grande lição para ele, para o gremismo dele.
Um Gre-Nal inesquecível?
O dos dribles do Ronaldinho sobre o Dunga.
O que o Inter representa?
Um grande clube, mas que eu prefiro não falar. Quando assisto a programas e dá notícia do Inter, eu troco de canal. Não tenho interesse. Respeito as conquistas, o Grêmio sempre teve um adversário à altura, um não vive sem o outro, são duas grandes forças do futebol mundial, mas não comento sobre o Internacional.
Palpite pra domingo
"3 a 0. O time vem jogando muito bem. Está encaixadinho."
Um colorado por hobby
Ao entrar no apartamento de Jaime Bridi, a primeira impressão parece ser a de uma residência normal. Mas ao subir para a sala de TV, você parece estar em um santuário do Inter, dificilmente visto a quatro cantos. O cônsul do Inter em Passo Fundo possui de tudo nas cores vermelha e branca: livros, DVDs, CDs, quadros e até uma réplica (que ele alega ser a original) da Taça do Mundial de Clubes da Fifa. No terraço, uma bandeira oficial hasteada chama a atenção. Em azul: "Deve haver algum jeans perdido por aí...", mas ele garante não ser fanático e leva tudo como um hobby. "Tenho amigos gremistas, clientes gremistas, então não se pode perder a razão, amo o Inter, mas sou apaixonado é por futebol."
Jaime Bridi, 52 anos, advogado e engenheiro, cônsul do Inter há 11 anos
Qual o papel do cônsul?
Você representa o time no local. É uma figura que registra o Internacional. Quando vou jogar bola ou estou na academia sempre visto vermelho e branco. Também tem que entender de futebol, porque você pode indicar atletas. Tem também a questão de buscar sócios e torcedores. Quando assumi em Passo Fundo, éramos em 38. Hoje passamos de mil. Vou a todas as reuniões do conselho [Bridi também é conselheiro do clube] com o maior gosto. Tem ainda o trabalho da associação que agrega o consulado. Organizamos excursões, carreatas, recebemos a delegação nas cidades vizinhas, a diretoria, enfim. É bom ser cônsul, mas é difícil, você tem que ter uma boa condição, até porque não se recebe nada do clube.
Como se tornou cônsul?
Eu era gerente da CEEE em Cachoeira do Sul e fui transferido para Passo Fundo. Logo que cheguei comecei a me envolver com o então cônsul e como ele foi embora, acabei ficando no lugar dele, até por que já era sócio do clube há muito tempo, isso em 1998. Nós somos indicados pelo clube e depois vamos renovando o acordo.
Como nasceu o amor pelo clube?
Meu pai era colorado, chegou a jogar nas categorias de base do Inter, só não ficou porque optou por trabalhar. Mas cada filho teve liberdade de escolher o time. Tanto que tenho dois irmãos gremistas e uma irmã que é flamenguista, fora dois colorados. Mas me lembro desde sempre de preferir o vermelho e branco. Sei combinar todas as cores: vermelho e branco, branco e vermelho... (risos).
Momento inesquecível com o Inter?
Quando entrei na avenida Mauá [Porto Alegre], vi aquela massa, o time de volta do Japão com a Taça do Mundial de Clubes na mão e vi aquele povo. Chego a me arrepiar só de falar. Parecia uma enchente de gente, vinda de todas as partes, uma loucura. Naquele momento, eu finalmente chorei. No Japão estava atordoado. Ainda não tinha caído a ficha. Foi algo que estava entalado há 23 anos.
Um Gre-Nal inesquecível?
Foram vários, mas o que mais me lembro agora foi o da estreia do Fernandão, quando ele marcou o gol mil nos clássicos.
O que o Grêmio representa?
Às vezes, é um adversário. Às vezes, está na mão da gente. Às vezes está nos batendo. Sozinhos não seríamos tão grandes. A maioria de nós é torcedor platônico. Você se apaixona, mas nunca faz nada. Perguntam-me se sou apaixonado. Digo que não, porque isso passa em três meses. A relação que tenho é permanente.
Palpite pra domingo
"0 a 0 ou vitória simples. Sempre há muito equilíbrio."
(Fotos: Paulo Roberto D'Agustini/ON)
Reportagem publicada na edição de O Nacional dos dias 7 e 8 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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