quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Diário de Bordo
ON no Rali - Perdidos em Passo Fundo
As aventuras da dupla de reportagem de O Nacional que participou pela primeira vez de uma etapa da Copa UPF de Rallye Universitário. Resultado: penúltimo lugar. De novo em 2008: com certeza!
Paulo Roberto D'Agustini/Navegador/A-/ON
Desde a cobertura da 2ª etapa da Copa UPF de Rallye Universitário deste ano pensei numa participação através de ON. Já havia corrido há alguns anos como piloto. Naquela época, fiquei alheio aos cálculos e ao sistema do rali de regularidade. Desta vez resolvi encarar o desafio de "navegar" em águas desconhecidas. Projeto aceito, foi hora de decidir o automóvel: a princípio participaríamos com o ON Móvel 2 (um Uno) da reportagem. Por adesivagens à parte, foi decidido democraticamente que o automóvel utilizado seria o ON Móvel 1 (um Peugeot), o "Azeitona", como é carinhosamente chamado. Mas com o receio de que ele não agüentasse os quase 80 quilômetros e as cerca de 3 horas de duração da prova, e de repente tivesse um "infarto", corremos com o carro da chefia, também um Peugeot, porém mais novo. Primeira responsabilidade. Carro ok, faltava o piloto. Então surgia mais uma responsabilidade: a "piloto" foi a chefe de Redação, Ana Luisa do Nascimento. Calma, não me interpretem mal. Não é por ela ser mulher que receio, mas pela dupla responsabilidade: levar o carro "do" chefe pilotado "pela" chefe a uma boa posição na categoria casais, tamanho espírito competitivo de ambos. Aliás, nosso número foi o 282, homenagem aos 82 anos de O Nacional.
A primeira tarefa nesta nova empreitada foi comparecer ao curso de navegação. Não foi um bicho de setecentas cabeças como imaginava, mas confesso, as calculadoras, relógios, cronômetros e mapas provocam calafrios em jornalistas. Ainda mais com a pressão por um bom resultado em casa, com toda torcida ali ao lado, nomes importantes em campo... Falei que nem boleiro em véspera de partida, mas como tudo tem sua lógica futebolística, com certeza, a nossa intenção foi buscar os três pontos, ou melhor os segundos próximos do tempo ideal. Por ser a última etapa do ano, o quórum não foi tão grande. Deu pra questionar sem passar muita vergonha. Mas as cerca de 2 horas e meia passadas em uma sala de aula (já estava desacostumado) foram de atenção redobrada. Fui pra casa meio confuso. Mas aceitei o conselho da organização do rali: "A gente só aprende na hora."
Chegou o dia. Tive pesadelos durante a noite com os cálculos. Estava dentro do carro, calculando os tempos dos trechos no 1º (que é neutro) e o coelho de colete de Alice no País das Maravilhas ficava me apressando com seu relógio. Nosso horário de largada foi às 12h32. Como tempo de jornalista é curto, deixamos para aferir o odômetro, ajustar a libragem dos pneus e adesivar o carro no sábado pela manhã. Sem a manha, o sufoco para adesivar foi grande, ainda mais em função do tempo. Mas alguns carros nos ganharam em número de bolhas. Na aferição uma pá de gente desesperada como nós, atrasados e loucos com o desacerto entre o que deveria e o que era aferido. Foi. Chegamos com meia hora de antecedência ao Parque da Gare para a largada. Expliquei "mais ou menos" como funciona um rali para a "piloto", acertamos os detalhes e a hora foi chegando, a adrenalina subindo e o calor aumentando.
Cronômetro na mão, livro de bordo entregue um minuto antes, odômetro zerado. "5, 4, 3, 2, 1, vai." E lá fomos nós em direção ao final do 1º trecho, para eu calcular toda a prova. Tive cerca de 25 minutos para isso - 5 foram de deslocamento. Fora o calor, foi tranqüilo botar os neurônios pra funcionar. Era preciso apenas muita atenção. Tempo esgotado, hora de partir. No 2º trecho (1º de média), acabamos passando uma rua, "ixi, acho que não é aqui," acusei. Depois de alguma "discussãozinha", voltamos ao ponto zero e recomeçamos, agora atrasados. Estávamos no Bosque Lucas Araújo e seguíamos em direção ao bairro São Cristóvão. Se bem que depois disso, sinceramente, passamos por tantos lugares que nunca estive, olha que estou em Passo Fundo desde 1993, além de não poder apreciar muito a paisagem: a atenção tinha de ser total no livro de bordo e no cronômetro.
Uns 15 trechos mais tarde e uns 7 minutos atrasados em relação ao tempo calculado, seguíamos já sem nos perder muito, não tendo, pelo menos, que voltar ao ponto zero de cada trecho, às vezes, aproveitando, com sorte, a carona de alguns competidores. Outros que preferiram nos seguir levaram vantagem em alguns casos. Em outros não. Uma parada no meio do rali deu tempo para o reabastecimento das duplas e para a integração entre os adversários, a fim de saber quem estava mais perdido. Nessa hora sempre surge alguma lenda sobre um PC (posto de controle) imaginário, escondido em algum lugar invisível, coordenado por uma dupla de duendes. Naquela parada o tempo zera e a gente voltou para o "rali". Mas no 1º trecho de média pós-stop nos perdemos de novo. De chorar, ou de me esganar como aparentava a "piloto". Brincadeira, quero dizer, acho. Agora analisem: "Dobrar à esquerda 180º". Na minha interpretação, isso seria voltar pelo mesmo caminho. "A regra é clara," imitaram os organizadores. A descrição acima vale para um ângulo de 150º por exemplo. "Não vai medir com um esquadro também," retrucaram. Putz!
No final, a chegada ao kartódromo da Roselândia para todos, incluindo aqueles que participaram do slalon. Não fomos. Não por falta de coragem de ambos, mais por preservação pessoal e do carro do chefe. Muita gente para assistir a perícia, ou a falta dela, na hora de contornar os cones. Gente de todas as idades, no volante e nas arquibancadas. Além da organização do rali dando um apoio moral aos exaustos marinheiros de primeira ... viagem. No tempo final uma diferençazinha de cerca de 14 minutos em relação ao previsto. Na classificação final um humilde e honroso 22º lugar. Entre 23 carros. Três não participaram. E o último, desconfio, foi aquele que nos seguiu a prova inteira. Mas que nada, em 2008 estaremos lá de novo: o antepenúltimo que nos aguarde.
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