domingo, 30 de março de 2008

ON # 032 - Atitude nobre; Descanso; Não é só aqui; Boleiros...

Atitude nobre


Não chega a ser surpresa, o anúncio feito pelo meio-de-rede Gustavo Endres de deixar a seleção. Falando com exclusividade e em primeira mão para reportagem de O Nacional, o passo-fundense comentou com tranqüilidade a intenção, ainda não revelada ao enérgico treinador Bernardinho, tomando a iniciativa, sem que tivéssemos sequer entrado no assunto. Os motivos são justos e dignos de um verdadeiro atleta, na acepção completa da palavra: dar mais atenção à família - afinal são 12 anos quase que sem férias, apenas com feriados e finais de semana - e dar chance aos mais novos. Atitude nobre. A família e a cidade continuarão bem representadas pelo mais novo Murilo, líder da nova geração.

(Foto: Divulgação)
Descanso
Depois da saída de Ancheta, o Passo Fundo voltou as atenções para o substituto entre os eliminados na primeira fase da Série A. Esperava que o novo técnico trouxesse com ele reforços do ex-time. O alvo, em especial, era o ex-goleiro Gilmar Dal Pozzo, famoso por ter defendido o pênalti cobrado por Ronaldinho na final do Gauchão de 2000, pelo campeão Caxias. Mas, naquela terça-feira, o Veranópolis, treinado por Gilmar, acabou vencendo o São Luiz, mantendo a chance, ainda que apenas tenha prolongado a esperança, que seria suprimida mais tarde pelo favorito Inter. Procurado pela diretoria tricolor, Dal Pozzo disse que não poderia assumir, pois precisava descansar, já que estava há algum tempo longe da família. Desculpas à parte, Joubert está aí. Reforços...

Não é só aqui
Engana-se quem pensa que erros de arbitragem são mais freqüentes aqui no país do futebol. Muita gente fala que na Europa o jogo é mais solto e o tempo de bola rolando é maior. Nisso tem razão. Mas em relação à tática (e fatalmente à técnica, até mesmo em função do aspecto econômico) o velho mundo (uma contradição) está sempre inovando.
Há duas semanas, em uma partida do Italiano entre Roma e Milan, no Estádio Olímpico da capital da bota, uma jogada ensaiada pegou de surpresa até mesmo o trio do apito. Escanteio no lado direito de ataque do time romano. Perrota vai cobrar. Põe o pé em cima da bola e a rola sutilmente. O italiano sai da cobrança como se fosse alterado o batedor. O francês Giuly, então, corre para a bola e sai jogando, rumo à área milanista, que, pega de surpresa, reclama de ilegalidade no lance. O árbitro atende ao pedido e anula a jogada. Para ira do treinador Luciano Spaletti, que viu seu trabalho exaustivo indo água abaixo.
O ex-árbitro, comentarista do SporTV e colunista de ON, Renato Marsiglia, atesta o erro. "A partir do momento em que a bola é rolada, não importando se ela gira uma volta completa em seu próprio eixo, como antigamente havia, ela está em jogo," explica.

Boleiros... Ronaldinho na Segundona?


Assis, ex-jogador, (merce..) empresário de Ronaldinho, e proprietário do Porto Alegre Futebol Clube, que disputa a 2ª Divisão (é líder da chave 1, que cruza com a 4, do Passo Fundo) pode pagar os direitos federativos do irmão para o Barça. Dezesseis milhões de Euros seria o valor para liberá-lo (soma dos salários do jogador até o final do contrato - 2010). Assim poderia negociá-lo no final da temporada. Surreal vê-lo atuando no Gauchão. Já pensou o craque contra a defesa tricolor no Vermelhão? Melhor não imaginar.

(Foto: Divulgação)

sexta-feira, 28 de março de 2008

O fim de um ciclo?

Vôlei


Em entrevista exclusiva, o passo-fundense Gustavo Endres fala sobre o atual momento no Treviso, Ricardinho na seleção, a vida na Itália e a oportunidade de disputar mais uma Olimpíada. "Possivelmente, será minha última participação pelo Brasil. Tenho que dar mais atenção à minha família", revelou

Sem querer, a intenção do meio-de-rede Gustavo de encerrar seu ciclo na seleção brasileira de vôlei, treinada por Bernardinho, chegou em nossas mãos. Na ação de contatar o que é o nosso maior expoente no esporte, a Confederação Brasileira de Vôlei e até a Companhia Telefônica Italiana foram acionadas, até que nossa reportagem finalmente conseguiu, por telefone, conversar com o jogador.
Mostrando a habitual calma e tranqüilidade, diferente da velocidade que o vôlei de alto nível apresenta, o atleta, um dos líderes e mais experientes da geração vitoriosa da modalidade no Brasil, explicou os motivos que o levaram a tomar a decisão de não defender mais a seleção.

O Nacional - Como você está aí no Treviso? E o Murilo (Endres, irmão) no Modena?
Gustavo Endres - Vou para Polônia amanhã [sexta-feira] disputar o final four do Europeu de Clubes. Enfrentamos o Piacenza, do Serginho [líbero da seleção], e, se vencermos, enfrentamos na final o vencedor do confronto entre um time russo e outro polonês. No Italiano estamos em terceiro. Faltam três jogos para o fim da primeira fase. Depois tem um octogonal final. As coisas melhoraram bastante depois da vinda de mais um brasileiro: o Renan [Dalzotto, técnico brasileiro]. O Modena do Murilo está com problemas: o Ricardinho [levantador, ex-seleção] se lesionou, então eles estão com um reserva. Estão em nono aqui. Mas não podem reclamar. Foram campeões de outro torneio de clubes europeus.

ON - Falando em Ricardinho, acredita ser possível a volta dele para a seleção?
GE - Sinceramente não. Mas não gostaria de falar muito sobre isso. Muita gente que o defende não sabe de coisas que aconteceram dentro da seleção. Então a decisão é do Bernardinho.

ON - Quando a seleção se apresenta para as finais da Liga Mundial e Olimpíadas?
GE - Acredito que em maio nos reunimos para começar os treinamentos. Inicialmente temos os compromissos da Liga Mundial. Primeiro jogamos em casa contra a Sérvia e depois saímos para jogos fora contra França e Venezuela. Mas como vamos ser sede da fase final, já estamos classificados. Será um grande teste para ver como está nosso nível para as Olimpíadas, que é nosso principal objetivo. Mais especial para mim, já que deve ser meu último compromisso pela seleção.

ON - Quais são os motivos dessa decisão?
GE - Ainda não é definitivo. Tenho que sentar e conversar com o Bernardinho. Mas acho que tenho que dar lugar aos mais novos. O Brasil forma todos os anos excelentes jogadores. Para minha posição [meio-de-rede] temos o Lucas [Ulbra] e o Eder [Cimed-SC], que estão conosco na seleção, e o Renato Felizardo, que está num ótimo momento aqui na Itália. Além disso tem a questão da família. São 12 anos nessa barca. Quando não estamos nos clubes, estamos na seleção. Então acho que tenho que dar mais atenção a esse lado. Será difícil, pois é uma vida a serviço do Brasil, mas com o apoio da Raquel [esposa] e do Eric e do Enzo [filhos], vou conseguir superar.

ON - Aos 32 anos, você já vislumbra o pretende fazer quando deixar também as quadras?
GE - Para falar a verdade ainda não. Tenho mais dois anos de contrato com o Treviso e pretendo cumprir. Depois ainda penso em jogar algumas temporadas no Brasil, preferencialmente por algum time do Rio Grande do Sul. Enquanto estiver bem fisicamente não tem porque pensar em aposentadoria. Não sei se vou ser técnico ou dirigente, mas vou continuar trabalhando com vôlei.

Principais títulos
> Sul-Americano Juvenil - 1994
> Sul-Americano - 1997, 1999, 2001, 2003 e 2005
> Pan-Americano - 2007 (Rio)
> Copa dos Campeões - 1997 e 2005
> Copa América - 1998, 1999 e 2001
> Liga Mundial - 2001, 2003, 2004 e 2005
> Campeonato Mundial - 2002 e 2006
> Copa do Mundo - 2003
> Olimpíadas - 2004 (Atenas)

segunda-feira, 24 de março de 2008

ON # 031 - Ancheta e o Passo Fundo; Opiniões no Blog da Redação; Boleiros...

Ancheta e o Passo Fundo

A vinda do técnico para o tricolor foi casada: atendia o clube que buscava um comandante que atraísse mídia e talvez $, e também o treinador que buscava lugar para começar a nova carreira. No início, respeito mútuo: com o ex-zagueiro, melhor do mundo na Copa de 70; com o tricolor do Planalto Médio, clube grande do interior do estado com um forte passado recente. Mas aí, as surpresas: do treinador que achou o grupo jovem demais e indicou 9 reforços (foram contratados 5); da direção que havia liberado 3 contratações de impacto. Os homens da confiança do técnico vieram e não vingaram (alguns traziam no currículo informações duvidosas). Más atuações e derrotas. O clube agiu rapidamente. Difícil mensurar os culpados, num espaço onde os erros são passíveis. De um lado, atletas limitados e jovens que carregam o peso da inexperiência. De outro, pouco $ e a esperança de repetir 98 quando formou uma geração que tinha Felipe e cia. Ancheta procura outro clube com melhor estrutura para o começo de um trabalho e o Passo Fundo, com menos tempo ainda, tenta encontrar seu futebol.

(Foto: Vagner Guarezi/ON)
Opiniões no Blog da Redação

> "O Passo Fundo inicia a Segundona procurando ainda reestruturar o seu futebol. Deve-se observar que o amistoso realizado contra a equipe do Jacutinga não pode ser levado como parâmetro, já que o grupo inicial da Segundona é difícil. O Glória tem tradição em campeonatos gaúchos, já o Ypiranga de Erechim sempre incomoda seus adversários. Essas duas equipes se destacam e vêm como favoritas. O Passo Fundo terá de primeiramente montar sua estrutura final, já que tem uma equipe composta por muitos jovens e já está há dois anos sem futebol profissional. Dentro das minhas expectativas acredito que o Passo Fundo pode fazer um campanha boa, conforme sua estrutura", frisa Ânderson Silva, o Adílio, ex-jogador, fazendo uma análise ainda no início do primeiro turno. Ao final...
> "Em Passo Fundo o problema é aquele velho dilema, mesquinho, onde alguns se acham melhor que os outros e acabam por dividir as forças do futebol. Os recursos são poucos, o investimento no futebol é baixo e acaba acontecendo que o time é fraco com pouca perspectiva de subir para a série A. Se houvesse união dos dirigentes e dos líderes no município, talvez o resultado fosse outro." Bronca de Luis Felipe Raymundi Duarte, postada no Blog da Redação de www.onacional.com.br
Boleiros... Como eram e como estão!

Aproveitando a visita do craque à América do Sul, onde jogou futsal com ex-jogadores brasileiros numa favela de São Paulo, e se emocionou ao lado do seu grande ídolo, o uruguaio Enzo Francescoli, trazemos Zinédine Yazid Zidane, ou Zizou, certamente um dos maiores jogadores que este jovem colunista viu jogar. Sequer o fatídico lance da final da Copa de 2006, quando agrediu o italiano Marco Materazzi, foi capaz de manchar a carreira onde a bola teve fino trato.

(Foto: Divulgação)

segunda-feira, 17 de março de 2008

ON # 030 - Melancolia; Fórmula mais "humana"; Cancha internacional; Clássico do xadrez; Boleiros...

Melancolia

Foi o clima sentido ao final da partida em que o jovem e inexperiente Passo Fundo foi abatido impiedosamente pelo Glória, em pleno Vermelhão da Serra. Ancheta, visivelmente abatido (contendo as lágrimas), tentava, durante a entrevista coletiva, assumir a culpa pela derrota. Para o jogo contra o Glória, tentou causar surpresa com o 3-5-2 (precisava de mais marcação contra o líder da chave), mas o esquema é de delicada compreensão. Os jogadores experientes trazidos para dar sustentação não correspondem. Com poucos recursos, o erro era passível. Jovens como Baiano, é que ainda dão exemplo e jogam por amor a camisa.
(Foto: Vagner Guarezi/ON)
Fórmula mais "humana"

Começou nesse final de semana com o GP da Austrália a categoria mais importante do automobilismo mundial: a Fórmula 1. Com as mudanças nas regras e, principalmente, nos carros - especialmente a retirada do controle de tração - as disputas prometem ser mais "humanas" nesta temporada. Claro, o maior poderio de algumas equipes ainda será evidenciado, mas entre elas, conheceremos os pilotos de mais braço e arrojo da F1.
Cancha internacional

Na inauguração da primeira cancha passo-fundense adaptada à regra mundial unificada, no clube XV de Novembro, mais de 50 disputas individuais neste final de semana. O próprio presidente da Confederação Brasileira de Bocha e Bolão, Walques Batista, jogou uma partida e atestou a qualidade do piso de compensado e areia construído ao custo total de R$ 7 mil. As bochas, mais pesadas, são importadas da Itália. A competição também teve jogos nas canchas do Clube Recreativo Juvenil, que permanecem sintéticas, mas já recebem as novas marcações. Foram do clube, inclusive, os campeões do primeiro evento no Brasil disputado na regra mundial unificada, durante a Festa da Uva, em Caxias do Sul, no final de semana passado.
(Foto: Paulo Roberto D'Agustini/ON)
Clássico do xadrez

Henrique da Costa Mecking, o Mequinho, 56 anos, gáucho de Santa Cruz do Sul, um dos maiores enxadristas nacionais, pode vir a Passo Fundo para uma partida exibição contra um jogador israelense. As informações são do jornalista Meirelles Duarte.
Boleiros... Como eram e como estão!

Luis Filipe Madeira Caeiro Figo começou no União Futebol Clube, clube da freguesia da Cova da Piedade, em Almada, Portugal. Mas foi no Sporting que se destacou chamando a atenção do Barcelona. No Real Madrid, em 2001, foi escolhido o melhor jogador do mundo Fifa. Na Inter de Milão, aos 35 anos, mantém o estilo clássico, com cruzamentos milimétricos e dribles curtos. Neste resgate "neomiltonevesiano", apresentamos Figo, que mudou pouco, mas os cabelos, quanta diferença!
(Foto: Divulgação)

segunda-feira, 10 de março de 2008

ON # 029 - Apagão tricolor; Quem diria...; Um pouquinho de Passo Fundo; Pressão da promessa; Boleiros...

Apagão tricolor
Ancheta avisava e fica claro que quando as oportunidades aparecem não se pode falhar. E vale também para o adversário. Dois apagões na bola área e o resultado para o Ypiranga. Não fosse o jovem goleiro Róbson o estrago teria sido maior. Mais de dez defesas salvadoras do arqueiro que parecia inseguro na estréia, mas desta vez salvou o time. Inclusive aqueles que foram bem contra o Panambi sentiram. Os garotos Cereta e Eduardo saíram ainda no primeiro tempo. Índio reclamava ao final da partida para o microfone da Planalto: "no treinamento dá certo e no jogo dá errado." Faz parte do amadurecimento de um time jovem. Trabalho para o treinador que tem compromisso no meio da semana contra o TAC, adversário direto na luta por duas vagas - as outras são de Glória e Ypiranga.
(Foto: Edson Castro/Release Press)
Quem diria...
Na última quarta-feira, privilegiados foram aqueles que assistiram à partida em que o Fluminense ensacou o Arsenal, do bairro Sarandí na pacata Lanús, Argentina, pela Libertadores. Seis golaços e nenhuma chance para o time da família Grondona, espécie de Ricardo Teixeira portenho. Uma atuação perfeita, incomum, como há muito não se via, da equipe do "técnico" Renato Gaúcho. Quem diria, o nosso Renato Portaluppi, treinador de mão cheia... Daqui a pouco aparecem Edmundo Animal, Edílson Capetinha, Vampeta... deixa pra lá. No dia seguinte, o radialista Luiz Carlos Carvalho, da Planalto, exibia com orgulho a camisa do carioca com gol de barriga de Renato pelo pó-de-arroz das Laranjeiras.
Um pouquinho de Passo Fundo
A Colômbia é de Marcos Daniel. Depois de vencer a etapa de Bogotá da Copa Petrobras em outubro passado, o passo-fundense voltou a vencer na capital colombiana neste domingo. Ele conquistou o título do challenger ao bater o espanhol Ivan Navarro Pastor por 6/3 1/6 6/3. Número 1 do Brasil e 115º do mundo, Daniel somará 90 pontos no ranking pela conquista. Como terá descartados 35 pelo vice-campeonato em Salinas (Equador) no ano passado, Daniel terá computados 55 e deve aparecer novamente no Top 100, onde esteve em junho de 2006. Confira a matéria completa sobre o título na edição de amanhã de ON.
Pressão da promessa
O menino Tales carrega o peso de ser uma jovem promessa colorada. O clube, que recentemente negociou seu melhor amigo: Pato, por US$ 20 milhões - nega, mas a pressão existe, por parte dos dirigentes e do torcedor. Acontece na maioria dos clubes. Está na base o futuro da instituição. Mas o garoto parece lidar bem com isso. Apesar da pouca idade - 18 anos completados em janeiro - mostra maturidade e tranqüilidade impressionantes. Diferente da maioria é de classe média, mora com os pais e nunca precisou de empresário: o pai cuida da sua carreira.
Boleiros... como eram e como estão
Na semana em que eliminou o Real Madrid na Liga dos Campeões, lembramos o galã - desde pequeno - italiano, Francesco Totti, 16 anos de Roma. Reinado absoluto.
(Foto: Divulgação)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ancheta uncut

No mês passado publiquei aqui uma entrevista especial que fiz com o ex-jogador de Nacional, Grêmio, Millionarios e Celeste Olímpica, atualmente técnico do Esporte Clube Passo Fundo na 2ª Divisão do futebol gaúcho, Ancheta, e que foi publicada no Jornal O Nacional em duas edições. Em função do espaço reduzido, alguns questionamentos tiveram que ser suprimidos da versão impressa. Mas aqui no TTSLF você confere um pouco mais da trajetória de mais um ídolo esquecido pela massa.
(Na foto, Ancheta (2) é o defensor que se atira no lance antológico de Pelé na Copa de 70, quando o Rei dá um drible da vaca em Mazurkiewicz mas a bola não entra.)

ON - Como foram as conquistas com o seu clube de coração: o Nacional.
Ancheta -
Foi maravilhoso. O grupo era muito bom. Para mim o time era superior a seleção uruguaia. Tinha jogadores como o Luis Artime (argentino), Celio Tabeira Filho (brasileiro), que depois jogou no Corinthians, Manga (brasileiro) no gol. O Nacional tinha uma seleção e nós nos sentíamos muito amigos. Havia muita união. Isso era muito importante. Nós corríamos muito, ninguém brigava, todo mundo era pra frente. Foi muito boa aquela época. Ganhamos quase tudo. Era um time desejável para qualquer torcedor. Mesmo assim foi com muito sacrifício porque naquela época também haviam outros grandes times como o próprio Estudiantes de La Plata, nosso adversário na final da Libertadores da América de 1971. Havia muita rivalidade contra os argentinos. Antigamente não tinham tantas câmeras como hoje que não permitem certas atitudes. Então era “pau e pau”. Alguns jogadores do Estudiantes entraram naquela final com alfinete dentro de campo. Perdemos lá, ganhamos em casa e vencemos novamente no terceiro jogo em Lima no Peru. Depois fomos campeões do mundo em cima do Panathinaikos em jogos de ida e volta.

ON - E como surgiu essa de ser cantor de boleiro?
Ancheta -
Nesse mesmo tempo (auxiliar técnico no Avaí/década de 80) a Discoteca (gravadora Ursa Discos atualmente) sabia que eu gostava de cantar. Então eles me convidaram para um teste. Eu aceitei. Nas segundas-feiras eu ia a Porto Alegre, gravar as amostras, cantar. E voltava para Florianópolis continuar o trabalho. Quando terminou o campeonato, eles gravaram um disco e deu certo. A gravadora disse que eu ia ter que voltar para Porto Alegre. Todo mundo ficou muito triste porque criamos um laço familiar muito bom. Foi uma experiência muito boa porque eu era o auxiliar técnico do Sérgio (Lopes, ex-Grêmio) e tratava a parte psicológica, a parte tática, posicionamento em campo, eu comandava. Nos jogos eu para as arquibancadas e levava as estratégias no intervalo para fazer as correções modificações. E fomos campeões.

ON - Foi uma passagem marcante para você?
Ancheta -
Sim. O disco estava gravado. Começamos a fazer as propagandas. Fiz o meu primeiro show numa casa noturna. Nunca tinha cantado para tantas pessoas. Contratamos um conjunto. Os boleros eram muito conhecidos, eles faziam os arranjos e saíamos cantando. Mas o nervosismo foi muito grande naquele primeiro momento. Tinha que cativar o público. Mas deu tudo certo. E tivemos outros shows, ganhamos um bom cachê. Sempre valorizei bastante esse trabalho porque hoje em dia os músicos não se valorizam muito. É uma necessidade. As dificuldades ficam grandes porque cada vez os valores ficam mínimos. E agora ultimamente não estava fazendo muitos shows. Mas foi muito bom para mim e para o público que gostava e vai sentir saudade.

ON - Como ressurgiu essa vontade de ser técnico?
Ancheta -
Depois que eu parei de jogar eu me afastei totalmente, não queria mais saber de futebol, porque no Grêmio eu sofri bastante na saída, achava que não merecia por meu comportamento. Até porque quando voltei para o Brasil queria ser treinador das categorias de base e não me deram bola e aí sim me afastei. Quando vi que não estava sendo reconhecido, tendo 9 anos no Grêmio, eu me afastei. E agora depois de quase 15 anos com escolinhas de futebol eu estava querendo um desafio diferente, não de educação, de fabricar jogadores, mas de montar um time, saber que tenho condições de montar um grupo, de administrar atletas, provei no interior e deu certo em campeonatos municipais, fiz cursos de técnico, além da base muito importante de quem jogou futebol pelo conhecimento do jogador e isso dá muita consistência como técnico. Me decidi e graças a Deus saiu rápido o convite, uma desafio grande porque sei que o Passo Fundo está com dificuldades financeiras para contratação, 70% é gurizada, sabemos que é um campeonato de 2ª divisão que é difícil, mas tem que ter confiança e trabalho para ter resultado.

ON - Ancheta como é a sua família?
Ancheta -
Três são do primeiro matrimônio. O primeiro é o Atílio, tem 38 anos, trabalha com transportes no Uruguai e me deu três netos. Ele tentou ir para o futebol, mas achei que ele não tinha condições, sou muito exigente. Depois tem mais duas: a Gabriela, que me deu netos gêmeos, um vai ser um grande jogador, Rodrigo, e a outra uma grande amazona; e a Bianca, que também me deu dois netos pequenos. Do segundo casamento tenho a Sâmara e o Pietro, que tem 17 anos e uma boa perspectiva de jogar futebol. Ele é valente e tem muita habilidade. Só que ainda é muito magro como eu era e sei que ele não teria chances nos grandes clubes. E só por ser meu filho também não deve ter regalias. Pelo nome não vai ser e sim pelo que ele é. Mas tem condições. Vou tentar que venha começar a treinar aqui para criar físico e quem sabe dar um futuro bom começando aqui no Passo Fundo, porque ele tem uma boa técnica: é meia atacante. Quero trazer ele para morar comigo porque pretendo ficar um tempo aqui se Deus quiser, e que ele aproveite. Vai estudar e treinar num time que dê a ele esse fortalecimento físico e quem sabe um aporte financeiro ao Passo Fundo, já que estamos caçando talentos, que são tão importantes.

ON - Você é gremista?
Ancheta -
Continuo porque meus filhos adoram o Grêmio, nunca influenciei nada - minha esposa é colorada - mas todos os cinco são torcedores.

ON - Qual sua filosofia de vida?
Ancheta -
Uma vida dedicada ao que se faz, a família, ninguém pode me criticar sobre isso, e esperando sempre que felicidade continue nos incentivando para que continuemos até o fim dessa vida. Sempre com seriedade, aconteça o que acontecer, mas acima de tudo respeitando todo mundo. Essa é minha maneira de pensar e vai ser sempre.

segunda-feira, 3 de março de 2008

ON # 028 - Resultado injusto; Três jogos; Politicamente (in)correto; Boleiros...

Resultado injusto
O empate foi lamentado no Vermelhão da Serra. Já alertava Ancheta durante a semana: "Em casa temos que vencer. Empatar ou perder só fora de casa". Mas não se pode reclamar da falta de empenho dos jogadores, a maioria jovens, que tem média de 19,4 anos. Alguns sentiram um pouco mais, mas não baixaram a cabeça ao sair de campo. Caso de Índio, que perdeu gol, mas prometeu no próximo. Ele entrou em lugar de Eduardo, destaque na frente, de apenas 17 anos. Baiano, volante e capitão da equipe, aos 20, foi um leão na marcação e terminou o jogo mancando. Jéferson Cavalli, 18, foi grande opção na lateral, até sair com lesão ainda na primeira etapa. Teilor, que vinha arrebentando nos treinamentos não se omitiu e chamou o jogo. Por fim Cereta, 16 anos, autor do gol tricolor, meu "melhor em campo". Com boa estatura para a idade e o corpo ainda em fase de crescimento, não se intimidou com os pontapés e até agressões que sofreu. Marcou e foi à frente, sobretudo com personalidade. Dá pra buscar fora de casa.
(Foto: Vagner Guarezi/ON)
Três jogos...
A botinada que ocasionou a lesão do atacante Eduardo, brasileiro naturalizado croata, do Arsenal da Inglaterra, correu o mundo e chocou pela violência. Aí vêm os operários de obra feita: "Esses campeonatos europeus são muito duros, é só jogo de corpo, falta futebol". Depois vêm os jogadores: "Sofremos com o 'rodízio' de faltas". Sim, Kaká, o campeonato italiano tem registrado aumento no número de faltas por jogo. Mas quando você chegou não era assim. Experimente assistir a uma partida do Gauchão (por favor, guarde as devidas proporções) e outra do campeonato inglês, por exemplo. É o dobro, às vezes o triplo, de infrações nos jogos locais. O tempo de bola em jogo nos europeus é maior. Tem partida que, vamos combinar, fica chata demais, travada, falta em toda jogada. E a arbitragem colabora com isso, tanto nas marcações quanto no costume. Questão cultural. Sobre Martin Taylor, autor da botinada, pegou três jogos de suspensão. Pouco perto dos mais de nove meses que Eduardo terá que ficar longe dos gramados. Nesses casos, como com sensatez foi comentado, o futebol parece beneficiar o infrator.

Politicamente (in)correto
A provocação de Sousa do Flamengo, quando comemorou um gol simulando estar chorando, pra cima dos botafoguenses não deixou de ser cômica. Exceto para os próprios alvirrubros. Essa provocação é interessante para o futebol. Estamos cercados de posturas, aparentemente, politicamente corretas. Talvez o momento não tenha sido adequado. O Botafogo vive o ápice de uma situação semelhante que viveu o Grêmio no segundo semestre do ano passado. Uma espécie de "mania de perseguição", que tem deixado "presidente, time todo e torcedor" com os nervos à flor da pele. Melissa neles.
Boleiros... Como eram e como estão
Um brazuca finalmente... Depois do agora estiloso, antes black power, Henry, e do freaky baby Rooney, Kaká, atual melhor jogador do mundo Fifa e modelo de marcas como Giorgio Armani e Dolce & Gabbana. Mas ele já foi só um moleque de franjinha.
(Foto: Divulgação)