domingo, 29 de julho de 2007

Quadro de medalhas


Olha, recebi como se quem tivesse escrito fosse o Juca Kfouri. Sei lá, não gosto de duvidar dos outros mas não sei se ele teria essa lucidez.

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Impressiona como o país cada vez mais se acostuma a fingir e a viver, e a morrer, das próprias mentiras

PEGUE-SE QUALQUER exemplo, mas fiquemos com os mais recentes.

No esporte, para começar.

O milésimo de Romário é um bom caso.

O Pan-2007, outro.

Ora, todos sabemos que o Baixinho, fabuloso, maior jogador que uma grande área já viu, criou um objetivo para ele mesmo e todos entraram na festa. Viva!

Mentira inofensiva. Mas mentira. Mentirinha, digamos.

Com o Pan é mais grave, pelo uso do dinheiro público sem a menor cerimônia, um dinheiro que os passageiros que cruzam o país pelos ares agradeceriam se o vissem mais bem gasto.

E aí a falsidade é grave, porque mata.

Em torno do Pan, a omissão é medalha de diamantes.

Thiago Pereira, que é um nadador digno de todo respeito e não tem a menor culpa do que se omite, é tratado como quem superou Mark Spitz.

E, friamente, é verdade.

Mas meia verdade, muitas vezes pior que a mentira pura, por mais difícil de ser desmascarada.

Ora, Spitz, ao ganhar cinco ouros no Pan de Winnipeg, em 1967, simplesmente bateu três recordes mundiais, como bateu outros sete ao ganhar mais sete medalhas de ouro em Munique, nos Jogos Olímpicos de 1972.

Compará-lo a Pereira não honra nenhum dos dois.

Fiquemos por aqui, para falar do que é mais chocante, porque sempre com a cumplicidade da mídia.

A tragédia da TAM, que obscureceu o Pan, é rica em ensinamentos.

Começou não é de hoje, com o escândalo do Sivam, no governo anterior, e continuou impávida e colossal de lá para cá.

Uma frase debochada e ultrajante da ministra do Turismo, um gesto raivoso e moralmente pornográfico do assessor presidencial, um pronunciamento vazio e perplexo do presidente que nunca havia visto uma sucessão de acontecimentos tão caóticos nos aeroportos nacionais e pronto!

Tudo continua como antes, a não ser, é claro, para quem morreu e para quem ficou por aqui, na saudade.

Ora, nem Romário é um artilheiro comparável a Pelé nem Pereira é o novo Spitz nem este governo é mais ou menos culpado que o anterior.

Somos todos responsáveis, ou quase todos, que continuamos a voar como voamos, a votar como votamos, a festejar como festejamos e a reclamar mais dos que são rigorosos do que daqueles que são complacentes.

Dar ao Pan-2007 sua verdadeira dimensão é, para muitos, sintoma ou de bairrismo ou de mau humor.

E a crise aérea vira exploração política.

Mas o que se vê na TV no Pan, e o que se viu e ainda se verá na TV sobre o avião da TAM, é de dar vergonha de como se faz jornalismo/sensacionalismo no Brasil.

O ufanismo sem limites e a demagogia sentimentalóide não nos levarão a lugar algum, a não ser neste em que estamos, do caos, da falta de perspectiva e da acomodação cúmplice e criminosa.

Os resultados superdimensionados do Pan-2007 inevitavelmente se transformarão em frustração quando Pequim chegar, no ano que vem.

Ou alguém acredita mesmo que o Brasil superou o Canadá, que é mais saudável e pratica mais esporte que o país norte-americano?

Brasileiro com muito orgulho?

Quadro de medalhas: 200 mortos.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dez grandes zagueiros (que vi jogar)

Transcrevo aqui o texto do jornalista Humberto Peron, enviado pelo amigo Diego Romani, vulgo Moranga, a quem agradeço carinhosamente. Teço alguns breves comentários e faço apenas uma ressalva, nem todos vi jogar e isso é apenas uma lástima na minha futebolística memória, mas creio nos escolhidos (alguns) por Peron. No final corrijo apenas uma falha histórica que ocorreu pelo atraso de idade do jornalista. Demérito nenhhum para um amante do futebol que aprecia o bom zagueiro, o desarme lindo, a marcação eficaz e que merece todo elogio.

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Segue...
"Com a qualidade dos nossos armadores e dos nossos atacantes, quase sempre esquecemos dos zagueiros. Aliás, lembramos sempre deles quando o nosso time perde, pois invariavelmente só levamos um gol quando os defensores falham.

Para homenagear esses injustiçados, trago uma lista dos dez melhores zagueiros que eu vi jogar no futebol brasileiro. Logicamente, por uma questão de idade, não posso narrar como foi ter visto das arquibancadas grandes beques como Domingos da Guia - para muitos o melhor da posição na história do futebol brasileiro -, Mauro Ramos de Oliveira, Bellini, Ramos Delgado e outros tantos zagueiros que marcaram história seja em seus clubes ou com a camisa do Brasil.

Sem perder tempo, vamos para os meus defensores preferidos.

Luís Pereira - Seguramente o melhor zagueiro que eu vi jogar. Perfeito nas antecipações e, principalmente, nos carrinhos que tiravam a bola dos atacantes sem fazer falta. Se para alguns zagueiros o carrinho é uma arma para acertar os atacantes, para Luís Pereira era a garantia de um desarme perfeito. Num tempo em que os zagueiros dificilmente passavam da linha central, as arrancadas de Luís Pereira ao ataque causavam furor e delas surgiram muitos gols do defensor. Além do Palmeiras, foi ídolo do Atlético de Madrid e jogou profissionalmente, com eficiência, até aos 45 anos.

Figueroa - "A grande área é a minha casa e nela só entra quem eu quero", costumava afirmar o grande zagueiro chileno que é um dos maiores ídolos da história do Internacional. Com sua elegância e classe, cumpria o que dizia. Os mais hábeis atacantes sofriam para passar pelo zagueiro. Apesar de sua eficiência defensiva, será sempre lembrado pelos colorados por ter marcado um gol: o tento do primeiro título nacional do time foi dele, de cabeça, na vitória dos gaúchos por 1 a 0 sobre o Cruzeiro.

Marinho Perez - Outro zagueiro de muita técnica desta lista. Fez dupla de zaga com Luís Pereira na seleção que disputou a Copa do Mundo de 1974. Líder nato, invariavelmente era capitão dos times que jogava. Após o Mundial da Alemanha foi jogar no Barcelona, comandado pelo técnico holandês Rinus Mitchels. Com o treinador aprendeu a fazer com perfeição a linha de impedimento. Por problemas pessoais - foi convocado para servir a marinha espanhola - voltou para o Brasil, onde fez uma dupla quase imbatível com Figueroa no Internacional que se sagrou bicampeão brasileiro em 1976.

Oscar - O zagueiro que se pode considerar um autêntico xerife. Jogava duro e não inventava - se o lance estava difícil não tinha problemas em chutar a bola para fora. Revelado pela Ponte Preta, teve uma pequena passagem pelo Cosmos (EUA) e foi grande ídolo da torcida do São Paulo na década de 1980. Foi titular da seleção em duas Copas: 1978 e 1982. Ainda esteve no Mundial de 1986, mas ficou na reserva.

Dario Pereira - Dizem que uma boa dupla de zagueiros tem que ser formada por um que joga duro e outro bom tecnicamente. Depois de começar a carreira como armador, o uruguaio, graças à sua técnica refinada, fez uma dupla inesquecível com Oscar, no início da década de 1980. Além do excelente senso de colocação, que o permitia ser bom nas bolas aéreas mesmo sem ter uma grande estatura, era muito bom para sair jogando e começar as jogadas ofensivas do time.

Luizinho - Um dos zagueiros mais técnicos da história do nosso futebol. Talvez um dos jogadores que mais tinha facilidade de tirar a bola dos atacantes, pois tinha o tempo exato para dar o bote no adversário. Era rápido, tipo de jogador que dificilmente encontramos atualmente. Infelizmente - e injustamente - ficou marcado após a derrota do Brasil por 3 a 2, para a Itália no Mundial de 1982.

Mauro Galvão - Diz uma história que durante um treino do Internacional o craque Falcão gritou para um jovem zagueiro: "Dá de bico!". Como resposta ouviu: "Bico? O que isso?". A resposta mostra como Mauro Galvão era um zagueiro técnico. Perfeito nas coberturas e antecipações, o zagueiro parecia conhecer sempre o caminho mais curto para chegar na bola antes que os atacantes. A má campanha do Brasil na Copa do Mundo de 1990, quando ele era o líbero do time do técnico Sebastião Lazaroni, fez com que seu nome não fosse mais lembrado para jogar na seleção, mesmo vivendo momentos brilhantes na década de 1990.

Aldair - Até pela sua personalidade introvertida, quase sempre esquecemos do nome de Aldair, outro zagueiro extremamente técnico da lista. Começou no Flamengo e teve uma passagem marcante pela Roma. Fez uma Copa do Mundo brilhante em 1994, quando o Brasil ganhou o quarto título mundial. Além de ser uma parede na zaga, começou várias jogadas de ataque com seus lançamentos. (Mas infelizmente não podemos deixar de lembrar da pataquada em que se meteu com Dida nas Olimpíadas de Atlanta em 96 contra a Nigéria do poderoso atacante Nwanko Kanu.)

Ricardo Rocha - Já como lateral-direito, o futebol de Ricardo Rocha chamava atenção. Deslocado para a zaga, se transformou em referência como zagueiro no final da década de 1980. Muito bom nos desarmes, também subia ao ataque com eficiência - como fazia nos seus tempos de lateral. Era um líder nos times que atuava. Contundido, não jogou na Copa do Mundo de 1994 - só esteve na estréia contra a Rússia -, mas foi fundamental para que o elenco fosse um dos mais coesos e unidos na história da seleção brasileira.

Gamarra - Outro zagueiro estrangeiro que marcou presença no Brasil. Foi ídolo no Internacional e quase chegou à perfeição no Corinthians, onde nunca contou com um grande companheiro de zaga. Dono de colocação perfeita, jogava por ele e por seu companheiro. Outro zagueiro que tinha um tempo de bola muito apurado, teve sua carreira marcada pelo fato de dificilmente precisar fazer uma falta para conter um ataque adversário."

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Corrijindo não, acrescendo a lista incluo um zagueiro que infelizmente não vi jogar, mas dizem os sábios futeboleses que foi um dos grandes estancieiros da defesa de seu time e de seu tempo: Airton Ferreira da Silva, o eterno "Pavilhão".

Para muitos, um dos maiores jogadores que já vestiu a camisa do Grêmio. Para outros, o maior zagueiro da história do futebol brasileiro. Ficou famoso por um lance que somente ele era capaz de fazer: levava a bola em direção à linha lateral do campo chegando junto à bandeirinha de escanteio puxando com ele os atacantes. De repente, virava o corpo e, colocando uma perna por trás da outra, de letra, recuava a bola para as mãos do goleiro.

Para um jogador comum, uma verdadeira insanidade. Para Airton Ferreira da Silva, o "Pavilhão”, era "apenas uma jogada comum", como dizia o zagueiro. Airton surgiu para o futebol defendendo as cores do Força e Luz, de Porto Alegre. Na época, um clube de ponta dentro do futebol do Estado. Na metade do ano de 1954, foi cedido ao Grêmio por 50 mil cruzeiros mais o antigo pavilhão social do Estádio da Baixada. Obsoleto para a modernidade de um Estádio Olímpico prestes a ser inaugurado oficialmente, mas grandioso para o acanhado Estádio da Timbaúva, localizado na atual rua Dr. Alcides Cruz, 125. Ali ainda se encontra o saudoso pavilhão. Com a camisa tricolor, Airton foi uma unanimidade.

Um atleta exemplar dentro e fora de campo que lhe rendeu uma série de títulos, convocações para a Seleção Brasileira e diversas homenagens que acontecem até hoje.

No dia 04 de agosto de 2004, Airton Ferreira da Silva foi homenageado pelo Grêmio que decidiu celebrar os cinqüenta anos da primeira vez em que o zagueiro vestiu a camisa do Clube. Foi no dia 1º de agosto de 1954 em uma partida válida pelo Campeonato da Cidade que o Grêmio acabou empatando com o Cruzeiro de Porto Alegre no Estádio da Montanha.



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Atendendo a pedidos, acrescento 3 da nossa velha cidade:

Os irmãos Pontes

Os temíveis irmãos Pontes, Daison, João e Bibiano, fizeram história no futebol gaúcho, nas décadas de 60 e 70. Todos os três zagueiros nasceram na cidade gaúcha de General Câmara, mas assim como Vitor Mateus Teixeira, ficaram conhecidos por serem destas bandas.

Bibiano foi o mais destacado por ter jogado no Inter de Porto Alegre ao lado de Tovar, Claudiomiro, Jorge Andrade, Sadi, Braulio, Dorinho, Lambari, entre outros. Já Daison Pontes, “o mais macho beque de todos os tempos” aterrorizou todo o Rio Grande. Foi o primeiro jogador de futebol a bater em um árbitro, foi expulso de campo mais de 20 vezes e, no Flamengo, onde permaneceu por apenas três meses, recebeu a ordem de deixar o treino do saudoso Flávio Costa após um lance violento contra Airton Beleza. “Joguei o Beleza na grade". João Pontes se tornou conhecido por fazer dupla com Daison no temido Gaúcho dos anos 60.

Daison Pontes - O mais velho, tinha muita técnica, excelente no jogo aéreo, mas se destacou pela virilidade, catimba e violência. Fazia de sua área a extensão de seu lar. Só entrava quem era convidado. Suas polêmicas entrevistas e a cara de mau, também faziam parte do repertório. Jogou no Grêmio Santo-angelense, Cruzeiro de Porto Alegre, Flamengo e América do Rio de Janeiro, Pelotas, Gaúcho, por nove temporadas, 14 de Julho de Passo Fundo e no pequeno Guarani de Espumoso, onde encerrou a conturbada carreira. Segundo a Revista Placar, Daison Pontes é o jogador mais indisciplinado do futebol brasileiro, com 18 expulsões, uma delas por agredir o árbitro José Luiz Barreto (pai do outro atual que merece as vezes umas bolachas).

João Pontes - O irmão do meio, não tinha a técnica de Daison, era mais lento, mas não menos viril. Formou com o irmão a mais temível dupla de zagueiros do interior do estado. Por outro lado tinha chute forte e certeiro. Jogou no Grêmio e Cruzeiro de Porto Alegre, Brasil de Pelotas, Veterano e Atlético de Carazinho e Gaúcho. Encerrou a carreira no Pratense de Nova Prata.

Bibiano Pontes - Jogou muitas temporadas no Internacional de Porto Alegre, desde 1965 a 1975. Foi campeão estadual entre 1969 e 1975, e brasileiro, em 1975. Tinha boa técnica, velocidade e uma recuperação espantosa. Jogou ainda no Londrina e Caxias.



Aqui, você curte uma entrevista de Daison Pontes concedida a Milton Neves na Rádio Bandeirantes. As vezes ela se torna um pouco chata pela proximidade jornalística de Milton Neves e de Fausto Silva, mas vale a pena ouvir.

http://p.mm.uol.com.br/miltonneves/site/audios/bandeirantes/
domingo_esportivo/entrevistas/Dayson_pontes/audio.wma
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Um grande abraço a todos e aguardo comentários a respeito.

terça-feira, 3 de julho de 2007

The Perfect Penalty Kick

Acham que Djalminha e Marcelinho Carioca são marrentos para cobrar pênalti?

Em 1982, o holandês Johan Cruyjff então jogador do Ajax, tinha um pênalti a seu favor. Ao invés de chutar direto, ele passou para o seu companheiro Jesper Olsen, que entrava em velocidade na área e tocou de primeira novamente para Cruijff, que só empurrou para rede, diante de um goleiro perplexo. O jogo foi contra o Helmond pelo Campeonato Holandês.

O lance, insólito, é válido de acordo com as regras do futebol, já que a marcação de um pênalti nada mais é que um tiro livre direto - o que significa que a bola pode ser tocada para qualquer jogador.

Recentemente na partida entre Brondby e Vejle, pelo Campeonato Dinamarquês, Ericsson, do Brondby, repetiu o feito e rolou para o lado para que o meia Duncan marcasse o gol.

O problema é quando não funciona! Que o diga Robert Pires, do Arsenal, que em 2005, tocou a bola para o Henry, mas este não chegou a tempo e a defesa cortou a jogada.

Sugestão do amigo Bernardo Branco.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Árbitro de Passo Fundo vai para o Pan do Rio

Natural de Esmeralda, mas passo-fundense por adoção, Tales Ferreira Goulart foi selecionado para apitar as partidas de futsal dos Jogos Pan Americanos 2007, que vão acontecer na cidade do Rio de Janeiro. As partidas vão ser realizadas no Complexo Esportivo Riocentro entre os dias 23, início dos jogos classificatórios, e 28 de julho, data da decisão da medalha de ouro. Foram selecionados ao todo nove árbitros, sendo quatros do Brasil: dois aqui do Estado mais um de Santa Catarina e um de São Paulo. Ainda vão trabalhar no Pan um argentino, um paraguaio, um uruguaio, um cubano e um norte-americano.

Os Jogos Pan-Americanos vão ser o evento de maior importância na carreira de Tales. "Eu fiquei muito feliz em ser selecionado para o Pan, pois é um evento muito importante no mundo do esporte". A Fifa (Federação Internacional das Associações de Futebol) utilizou critérios técnicos para realizar a seleção dos árbitros que vão atuar no Pan. Existe um ranking de árbitros, cuja pontuação é feita de acordo com as atuações em competições oficiais. Boas atuações no Pan do Rio podem levar Tales a realizar seu maior objetivo: a indicação para a Copa do Mundo de Futsal de 2008, que vai ser realizada no Brasil. Estão classificadas para o torneio de futsal dos Jogos Pan Americanos deste ano, além do Brasil que é o país sede, as seleções da Argentina, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos, Guatemala e Paraguai. A fórmula de disputa prevê a formação de dois grupos com quatro seleções em cada, que jogam entre si dentro da mesma chave. Classificam-se os dois melhores de cada grupo, que fazem as semifinais (em cruzamento olímpico) para definirem os finalistas.

Um pouco de estória

O hoje árbitro de futsal credenciado pela Federação Internacional de Futebol, quando mais jovem, nas peladas com os amigos, sonhava em ser o centroavante, o goleador da equipe. Quisera o destino que Tales Ferreira Goulart e sua pouca habilidade o levassem para a goleira, ou mais frequentemente para o apito. Ex-goleiro dos juniores do Glória de Vacaria, ele morava em Passo Fundo e cursava Faculdade de Educação Física. Começou apitando competições internas de futsal da Faculdade. Gostou de sua participação e continuou apitando até ser convidado para ingressar na equipe de árbitros dirigida pelo Professor Claudionor Ramos, o Chorão. Então se tornou profissional apitando além do futsal, jogos de futebol de campo e futebol sete. O instrumento que o levaria pelo mundo, não o separaria de sua maior paixão: o futebol.

Conhecedor das regras, calmo e com personalidade para ser a autoridade, sem ser autoritário, Tales percebeu que poderia alçar vôos mais altos. Em 1994 realizou curso de arbitragem promovido pela FGFS (Federação Gaúcha de Futebol de Salão) em Caxias do Sul. Já integrando o quadro da Federação seu primeiro jogo foi uma prova de fogo. Sercesa e Itaqui, na época dois grandes times que disputavam o título. Partida arbitrada ao lado do experiente Paulo Veeck.

A experiência foi sendo adquirida apitando jogos do estadual séries ouro, prata e bronze, em ginásios pequenos, com torcedores furiosos, separados do árbitro apenas por uma rede, enfrentando jogadores malandros e dirigentes apaixonados. Em 1997 foi promovido ao quadro da CBFS (Confederação Brasileira de Futebol de Salão). Apitou as semifinais e a final da Liga Nacional entre Atlético Mineiro e Banespa com o Ginásio Mineirinho lotado por mais de 30 mil pessoas. Também trabalhou no Campeonato Brasileiro de Seleções, Taça Brasil de Clubes, semifinais e finais das séries Bronze e Ouro do Estadual e no final da temporada foi eleito o melhor arbitro de futsal do Rio Grande do Sul. Com o trabalho logo surgiu a indicação para o quadro de árbitros da FIFA em 2001. Foi o primeiro gaúcho a conseguir tal distinção no futsal.

O primeiro jogo como arbitro da FIFA foi um amistoso entre Brasil e Argentina no Ginásio Municipal de Tramandaí. Tales passou a apitar Campeonatos Sul-Americanos de Clubes, Campeonatos Mundiais de Clubes, Copas Internacionais, passando a viajar pelo mundo para países como Argentina, Uruguai e Japão.